Alexandre

Ultimamente tenho pensado muito naquela estória que diz que Jesus ficou 40 dias no deserto sendo perturbado pelo demônio. Abstraindo o fato de que satanás na verdade é um termo usado em hebraico para descrever um adversário, oponente (satan), podemos tratar como se fosse o conceito que temos atualmente, um capeta, coisa ruim mesmo. Será que Jesus foi pro deserto só para ser tentado por isso? Será que Jesus foi para o deserto para resolver seus problemas com o seu maior adversário, seu satanás, seu ego?

Acho que não somente isso. Na verdade, ando tendo as mesmas vontades, mas não de encontrar um coisa ruim que ficasse fazendo aquelas maldades que os cristãos fizeram com bruxas na idade média. Mas alguém que debatesse com sustentação lógica e questionamentos os meus pensamentos que não sei se são certos, um satanás com uma tremenda retórica e silogismos bem estruturados a ponto de derrubar todo e qualquer argumento mental. Ou seja, gostaria de me encontrar com um satanás de verdade, por quarenta dias num lugar sem gente falando merda, trazendo problemas que eu não sei ou posso resolver e, o mais importante: sem mosquitos. Esse foi o lance de Jesus, se mandar para ficar longe de pessoas e mosquitos. Férias de verdade. Naquela época era terapêutico buscar o demônio para aliviar os pensamentos, hoje, no lugar dos demônios, temos os psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e muitos vendedores da milagrosa indústria farmacêutica.

Fui chamado com uns dez dias de antecedência à Secretaria de Saúde do município de Conceição do Rio Verde para pegar a ficha para uma consulta com psiquiatra, com a informação de que haveria a consulta. Informo para quem não sabe, que moro na roça a cerca de 20 Km do município e passo por uma estradinha que dá pra imaginar como é. Ao chegar ao posto, me deparo com uma enorme fila que supus ser para outro tipo de atendimento, mas, para minha surpresa, era para pegar a guia de consulta, apenas pegar um papel rabiscado para uma consulta outro dia. Exatamente, um deslocamento desnecessário apenas pra pegar um papel sem a consulta, que seria em outro dia.

Isso me surpreendeu porque em outra ocasião, para outra consulta, passei na secretaria, peguei a guia e fui para a consulta no mesmo dia, na mesma hora. Entretanto, em outra oportunidade, para um ortopedista, me chamaram às 16:30 na véspera para pegar a guia. Percebe-se, claramente, que não há procedimento bem definido, deve ser algo que depende da Lua, do humor do chefe do setor, se choveu ou não, se o café tinha ou não açúcar.

Por conta disso, surtei de raiva, quase precisando de um cardiologista, mas aí teria que pegar guia em outro dia para ser atendido quando o médico aparecesse e não desmarcasse. A raiva é por conta de vivermos num mundo altamente conectado, com tecnologias que controlam até o que pensamos, mas um serviço público de necessidade básica ainda está na era da pedra lascada, ou como falávamos na área de TI, do bit lascado. Consultas anotadas em caderninhos esquecidos em fundos de gaveta, algo impressionante. Mas, quando é para nos controlar, como no caso das vacinas, o SUS tem um sistema único que tem até QR Code informando o lote da vacina, que dia tomou, se chorou com a agulha ou não. Não é possível imaginar que um sistema público que arrecada horrores de impostos não consiga implantar um sisteminha vagabundo de agendamento de consultas e exames com envio automático de QR Code via Whatsapp, por exemplo, que pode ser usado até mesmo para confirmação de comparecimento e ordem de chegada ao posto de saúde. Um sistema desse tipo é realmente algo muito simples de ser feito, usando os mesmos métodos de programação de 40 ou 50 anos, sério. Mas, onde está a vontade política disso?

A conta de luz chega em meu celular já com o código para pagamento via PIX, passo com meu carro por câmeras que sabem se paguei ou não o IPVA, ando pelas ruas com câmeras com reconhecimento facial que sabem se existe algum mandado da justiça ou mesmo se minha companhia é minha esposa ou amante, recebo telefonemas de URA’s informando andamento de processos, mas não consigo receber uma simples guia de consulta médica?

Fica óbvio que o objetivo das pessoas que atendem esse serviço público não é a qualidade, mas fazer as pessoas se sentirem dependentes do poder público, numa clara inversão da ordem, pois esse sistema existe para atendimento ao público, não o contrário. As pessoas que precisam do SUS são tratadas como mendigos que estão recebendo favores, e as pessoas aceitam esse tratamento, achando que por não terem dinheiro para consultas particulares precisam ser tratadas como mendigos marginalizados. NÃO, NÃO. Pagamos horrores de impostos para que a saúde e educação sejam de excelente qualidade, mas não é isso que acontece. A saúde e a educação públicas são uma porcaria de quinto nível porque acham que é benevolência, filantropia. Filantropia seria se não pagássemos absurdos de impostos para sustentar políticos parasitas sentados em Brasília ou Belo Horizonte cagando regras estúpidas.

Uma ressalva eu preciso fazer para ser justo com os funcionários e agentes de saúde do posto de saúde que faz meus atendimentos (Estação), que são muito atenciosos e realmente preocupados com os pacientes daquele posto. Talvez por serem eles que colocam a cara no dia a dia, eles têm mais compaixão, empatia e sentimentos dignos por todos que passam por ali, não ficam sentados arrumando desculpas pelos descasos. Como se diz popularmente, quem quer faz, que não quer manda ou arruma desculpas. Realmente preciso ser justo com aqueles que estão tentando fazer a diferença.

Precisamos descobrir o que é cidadania efetiva. As pessoas estão achando que cidadania é falar merda e defender político safado na Internet, passear pelas ruas com bandeirinhas do país ou de partido gritando nomes de políticos mais bandidos que milicianos traficantes assassinos. Não, isso não é cidadania. Cidadania é lutar com alta voz por aquilo que foi combinado e estamos pagando. A Constituição é um combinado do Estado com seu Povo, então o povo tem que cobrar pelo combinado que não é cumprido pelo Estado através dos governantes.

O Prefeito da cidade sempre me fala que eu sou o único que reclama das estradas e do atendimento do SUS, inclusive me chama de louco (o que talvez não esteja errado supondo que os normais estão em casa se submetendo a esse descaso). O que o prefeito não sabe é que as pessoas reclamam comigo, pedem para eu falar porque não têm coragem de falar. Assim, fica parecendo que só eu reclamo. Agora faço a pergunta: eu sou louco ou as pessoas são submissas ao poder do dinheiro dessa forma nojenta? Até quando as pessoas vão aceitar esse tratamento desumano, esse descaso porque não têm dinheiro para pagar médicos particulares? Está na hora de levantarmos os rabos das cadeiras e começarmos a exigir direitos concretos e pararmos de bajular quem tem dinheiro ou poder para ver se sobram migalhas. Não merecemos migalhas!

Acho que vou precisar é de uma guia de internação psiquiátrica, daquelas de manicômio mesmo.

16 de fevereiro de 2024

Dizem que palavra tem poder
que não sei de onde vem
se de quem fala
ou de quem escuta,
se de quem escreve
ou de quem lê.

Palavra de mãe é bendita,
da professora é bonita,
de político ninguém acredita,
mas de homem sem valor precisa ser escrita.

Qualquer palavra com raiva dói.
Dita com má-fé a alma corrói.
De um amigo o torna herói.
Falada com amor a vida ela constrói.

Para os poetas a palavra tem cor.
Para os sábios tem sabor.
Para os amantes tem calor.
Para o bom homem tem valor.

A palavra deve sempre ser verdade,
assim ela carrega a ideia,
a ideia une a humanidade
e a humanidade escreve sua odisseia.

Em maio de 2010

A vida começa como uma grande liberdade,

mas com o tempo aparece a verdade,

vivemos uma grande e misteriosa ilusão

e nada disso passa de uma dura e cruel prisão.


Quando percebemos que tudo é incerteza,

que pai troca o filho por avareza,

que filho troca a mãe por safadeza

como roupa que se troca com destreza.


Quando os amigos de fé e irmãos camaradas

desaparecem de nossas vidas como num passe de mágica

apenas porque o dinheiro sumiu em disparada

e nossas vidas se transformaram de forma trágica.


Nesse triste e desesperado momento

resta-nos apenas o refúgio de uma cela,

esperar pelo fim desse estúpido tormento

e viver apenas na companhia da doce donzela.


Por mais que se lute por uma cela confortável,

os gritos azedos de quem vive em celas amargas

transformam nossas mentes com uma dor insuportável

e o companheiro de cela não aguenta nossa carga,

sucumbe à ilusão de um mundo controlado,

quando pensa que a fuga do sistema é a solução,

mas o fim é sempre numa solitária do presídio lotado.

Fiz um comentário num post do Tik Tok que foi censurado em 29 de dezembro de 2023. Nem recordo qual foi o post e raramento comento, mas o assunto era referente ao livro mais vendido e menos lido, a Bíblia. Logo em seguida chegou a mensagem do Tik Tok informando que o comentário foi removido e eu pedi recurso, que foi negado. O comentário não tem nenhuma opinião minha, apenas cito dois trechos do livro para corroborar alguma coisa dita no post. Abaixo estão os prints das mensagens do Tik Tok e, na sequência, os trechos bíblicos, um sobre as filhas de Ló que transaram com o próprio pai embriagado e deram origem a dois povos, os moabitas e os amonitas (Gênesis 19 31:39), e o outro trecho referente a duas mulheres casadas e adúlteras que curtiam homens egípcios e assírios por seus dotes sexuais, que sejam pênis imensos e muita ejaculação (Ezequiel 23:20). Ironizo sempre dizendo que essa passagem descreve Kid Bengala como personagem bíblico. Fica claro, portanto, que a Bíblia viola as diretrizes da comunidade do Tik Tok.

Gênesis 19

³¹ Então a primogênita disse à menor: Nosso pai já é velho, e não há homem na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;

³² Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.

³³ E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

³? E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.

³? E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

³? E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai.

³? E a primogênita deu à luz um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas até ao dia de hoje.

³? E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje.

Ezequiel 23:20

Desejou ardentemente os seus amantes, cujos membros eram como os de jumentos e cuja ejaculação era como a de cavalos.

Gênesis 19

³¹ Então a primogênita disse à menor: Nosso pai já é velho, e não há homem na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;

³² Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.

³³ E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

³? E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.

³? E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

³? E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai.

³? E a primogênita deu à luz um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas até ao dia de hoje.

³? E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje.

Ezequiel 23:20

Desejou ardentemente os seus amantes, cujos membros eram como os de jumentos e cuja ejaculação era como a de cavalos.

Vemos ao longo da história humana uma infinidade de argumentos defendendo a existência de um deus ou deuses criadores do Universo, alguns usam até a designação de arquiteto. É uma discussão sem fim, mas há alguns pontos que podem restringir muito esse debate, mas, antes de propormos uma prova definitiva para a existência de deus, é importante definir alguns conceitos, como o que é impossível ou o que é inexplicável, pois um tipo de argumento que é comum é que um deus criador pode fazer absolutamente tudo, inclusive o que é impossível, não apenas o que não tem explicação.

O conceito de deuses surgiu da necessidade analítica do ser humano recém dotado de “inteligência”, que nada mais é do que a capacidade de criar correlação entre eventos, com ou sem relações de causalidade. Assim, para esse novo ser dotado de consciência calar seu diálogo interno que insistia em achar explicações para tudo que estava vendo, inclusive a morte, ou ele encontrava uma explicação que poderia ser repetida em experimentos ou ele atribuía à vontade de seres sobrenaturais, os deuses. Com o aumento da nossa capacidade de explicar fenômenos, outros fenômenos inexplicáveis foram deixados para um deus cada vez mais poderoso, culminando com um criador absoluto de todo Universo. Hoje temos a figura de um deus superpoderoso que é adorado e bajulado como se fosse um ser humano carente, mimado e vingativo que detesta ser contrariado e menos ainda colocado à prova. Essa figura mais recente de deus responsável por tudo que acontece de inexplicável é o ponto central de nossa civilização, pois em nome dele se cometem todos os tipos de excentricidades e perversidades, além de ser usado para a dominação de grandes grupos sociais por grupos pequenos, mas com grande poder econômico. Mas isso é outro assunto.

Para prosseguirmos, é importante entender a diferença entre impossível e inexplicável, já que a grande maioria das pessoas atribui ao deus criador a justificativa para eventos inexplicáveis, pois os impossíveis não existem. Milagres, por exemplo, são eventos que ocorrem sem que tenhamos a capacidade de compreender, mas que não violam nenhuma condição universal. Ou seja, eventos inexplicáveis são simplesmente aqueles para os quais devemos nos considerar ignorantes por não conseguirmos replicar o experimento, apesar de parecerem impossíveis, mas impossíveis para nossa atual capacidade. Equivalente a usar um smartphone 300 anos atrás, seria um milagre, pois não conhecíamos nenhuma tecnologia que permitiria tal fenômeno, ou usar um isqueiro para fazer fogo numa tribo indígena há 500 anos. O sujeito que riscasse um isqueiro nessa época corria o risco de ser adorado e bajulado, e ainda ganharia a virgindade da moça mais bonita da tribo. Mas, se essa tribo fosse formada por pessoas que tivessem clareza de sua ignorância e não acreditassem em seres imaginários, o máximo que o deus do isqueiro conseguiria era vender cursos de como fazer isqueiros novos. Ou seja, inexplicáveis são fenômenos possíveis que não violam nenhuma condição universal, mas que não compreendemos, ou seja, somos ignorantes. Assim, a justificativa para a existência de deuses é apenas nossa ignorância.

Já os impossíveis são eventos que não ocorrem jamais em nenhum lugar do Universo pelo simples fato de violarem regras ou condições absolutamente rígidas. Até hoje, na prática, poucos são os eventos que poderíamos considerar impossíveis, pois muitos são apenas difíceis ou inexplicáveis porque ainda não atingimos o conhecimento necessário, como é o caso de muitos fenômenos quânticos ou relativísticos, pois são ciências ainda em estudo e nada têm de absolutas. Assim, o fenômeno do entrelaçamento quântico não tem nada de impossível, era apenas inexplicável até pouco tempo atrás. Também era inexplicável o fenômeno da dilatação temporal que aparece escrito em livros antigos, como: “fulano de tal saiu num carro e voou, quando retornou seus filhos estavam mais velhos que ele”. Isso poderia ser atribuído aos deuses, pois não conhecíamos a Teoria da Relatividade de Einstein, mas hoje sabemos como isso acontece, apesar de ainda não termos a tecnologia para tal. Mas, onde está o impossível? De toda a ciência atual, vejo apenas a Termodinâmica como fundamental e absoluta, já que tem regras e condições claramente invioláveis. Especialmente a Segunda Lei da Termodinâmica que define a Entropia e que tem como consequência o fato de o tempo seguir apenas numa direção. Esta tem várias formas de ser descrita:

1) o calor não pode fluir espontaneamente de um corpo de temperatura menor para um outro corpo de temperatura mais alta;

2) a quantidade de entropia de qualquer sistema isolado termodinamicamente tende a incrementar-se com o tempo, até alcançar um valor máximo – sendo entropia uma grandeza física que descreve o grau de desordem de um sistema e está associada à irreversibilidade dos estados de um sistema.

Esta lei é a que impede que o tempo volte ou que um copo quebrado apareça inteiro. Ou seja, aqui aparece algo impossível: voltar no tempo ou ter algo reconstruído. A entropia pode ser entendida na vida humana como a energia que temos ao nascer que é capaz de nos fazer crescer, desenvolver, mas que, à medida que o tempo passa, vai diminuindo até atingir um ponto de entropia máxima que é quando, apesar de existirmos fisicamente, não teremos mais energia para realizar nenhum trabalho, ou seja, morremos. Invitavelmente tudo morre nesse Universo por conta dessa entropia, o máximo que podemos fazer é segurar o rítimo de crescimento dessa entropia, mas às custas de “roubar” energia de outros sistemas. Isso também é outro assunto.

Assim, eventos inexplicáveis podem ser atribuídos a seres mais poderosos que os seres humanos, mas ainda assim criaturas existentes dentro do Universo, apenas desconhecidas de nós, ou seja, que ignorantes chamariam de deuses. Por exemplo, existe um mito indígena, dos Caiapós do interior do Brasil, que diz que um ser chamado Bep Kororoti desceu com roupas que hoje parecem de astronautas, teve filhos com uma índia da tribo, distribuiu sementes, etc, ou seja, ele fez coisas inexplicáveis para os índios, mas nada de impossível. Ele é cultuado até hoje em cerimônias pelos indígenas. Muita gente vai chamar esses índios de ignorantes, pois dirão que Bep Kororoti não é deus. Pois é exatamente esse o ponto, um ser que aparece no deserto como fogo numa moita de mato que não se queima e grita com um cara e manda ele seguir ordens específicas é deus? Ou apenas mais um ser que detém uma tecnologia que não conhecemos, tal como o Bep Kororoti? Será o tal YHVH um amigo do Bep Kororoti? Abusaram da ignorância humana?

Para que alguma entidade ou força ou sei lá que nome se possa dar para um deus que tenha criado o Universo e seja absolutamente poderoso dentro de sua criação não basta que ela faça o inexplicável ou fique tomando conta do que cada indivíduo minúsculo dentro dessa imensidão esteja fazendo trancado dentro do banheiro. Ele tem que ser capaz de fazer o impossível. Mas uma coisa é praticamente certa, um DEUS CRIADOR não tem características humanas e nem precisa ser bajulado, adorado ou se vingar de suas criaturas por supostas violações morais que variam no tempo. Ou seja, esse deus é equivalente a um não-deus, sua existência é absolutamente irrelevante para a vida humana, pois se ele existe ele não interfere em sua criação, se interfere em vidas humanas ele não é o deus criador, é apenas mais um ser de dentro do Universo. É isso que chamo de ateísmo pragmático, pois se deus existe, ele não interfere, se interfere é tão criatura como nós, talvez apenas uma criatura com mais capacidades que seres humanos, mas nem por isso tem que ser bajulada. Mas, esse ser interno ao Universo que se parece com um deus pode ser que goste de ser bajulado, mimado e tenha poderes para se vingar de humanos que ele não goste, assim como pessoas fazem com animais de estimação, só dão comida pro cachorro se ele fizer gracinha. Nesse sentido, um cachorro é mais inteligente que nós, pois não nos trata como um deus criador do mundo.

Mas, para satisfazer aqueles fundamentalistas que não admitem que um deus todo-poderoso não existe e, pior ainda, que não pode ser colocado à prova, sugiro que façam uma oração e peçam um milagre realmente impossível: que o tempo volte! Se há um deus criador e que realmente pode tudo, ele tem que ser capaz de fazer o tempo voltar, diminuir a entropia do Universo. Mas, já que estamos falando de algo realmente impossível, que ele faça uma pessoa voltar no tempo e mantenha toda a informação que ela tem no momento anterior a essa viagem. Mas, se alguém preferir, existe uma demonstração bem mais simples que esse deus pode fazer para provar sua existência, uma incontestável manifestação de algo com um poder do impossível para qualquer coisa dentro desse Universo: que alguém que não tenha todos seus 32 dentes intactos e que já tenha sentado em uma cadeira de dentista e feito uma pequena obturação acorde um dia e descubra que todos seus 32 dentes estão perfeitos e sem nenhum tipo de tratamento. Se preferir um ritual religioso para que deus escute, ore antes de dormir e peça que acorde com todos os 32 dentes na boca sem nenhuma obturação sequer, intactos. Isso sim seria um milagre absoluto, algo impossível, não apenas inexplicável. Um deus que restaurasse todos os meus dentes seria muito bem bajulado, adorado, mimado, ganharia igrejas e tudo mais que pedisse.

Essa é uma expressão que tenho ouvido com muita frequência em canais e vídeos pela Internet, sempre com ares de superioridade científica, como se o apresentador ou influencer fosse um doutor em Mecânica Quântica, mas são esotéricos em busca de um significado para a vida, repassando o que ouviram não sabem de onde nem de quem para conquistar plateia e passar a visão de que são pessoas do bem em busca de uma suposta evolução espiritual. E dizem que aqueles que não procurarem essa mesma fonte de evolução serão varridos do planeta para uma dimensão inferior nos confins do Universo que vibra em frequências baixas – seja lá o que isso signifique. Ah, e ainda tem aqueles que dizem que existem seres de luz mais evoluídos no Universo que vivem na 9a dimensão, isso mesmo, nona, como se dimensão não fosse uma questão de geometria, mas degraus da evolução das espécies de vida nesse Universo. Não bastasse, tem outros que usam termos como “irmãos fractais” ou fractalidade como se fosse um adjetivo de algo evoluído ou fraterno.

O que acho muito estranho é que as pessoas que falam essas coisas têm pelo menos o segundo grau e não são tão novas, ou seja, ainda pegaram um segundo grau que ensinava geometria e tinha até aulas de física moderna, que costuma dar uma leve introdução à quântica. Essas pessoas deveriam saber que:

- não vivemos na 3a dimensão, mas que percebemos apenas 3 dimensões espaciais, isso se existirem outras dimensões da mesma natureza, ou seja, poderíamos falar até que vivemos em 3 dimensões, mas não na 3a , é absolutamente impossível viver em uma ou duas dimensões, uma dimensão é uma linha, assim, um ser vivo em uma dimensão seria um ponto, ou no máximo um segmento de reta. Em duas dimensões, pode se imaginar uma folha de papel infinitamente fina, os seres teriam que comer e defecar pelo mesmo buraco, pois de outro jeito seria dois objetos distintos.

- o tempo não é a 4a dimensão, é uma das quatro dimensões que percebemos, com um detalhe de não poder ser trocada com as outras três espaciais. Assim, o Universo que PERCEBEMOS tem quatro dimensões, três espaciais e uma temporal (não vamos nem falar em outras dimensões que podem aparecer na teoria das cordas, se não vai aparecer alguém falando que a teoria das cordas provou que o Universo tem dimensões espirituais para onde vão as almas penadas). E é terrivelmente difícil para nós apenas imaginarmos um objeto espacial quadridimensional, apenas um hipercubo já é um exercício mental que deixaria qualquer buscador extasiado… e exausto. As dimensões espaciais são essas que a gente percebe diariamente, todos os objetos têm altura, largura e profundidade, e podemos rodar ou trocar que o objeto continua sendo o mesmo. Já o tempo não pode comutar com as outras dimensões e ainda tem a sacana característica de se mover num único sentido sem nossa vontade poder alterar, apesar de buscarmos mecanismos que permitam isso, mas aí já é outra estória.

- salto quântico, de forma estupidamente simples, é algo que só pode ocorrer naquele pedacinho muito, muito pequeno, na ordem de grandeza dos átomos. Não existe salto quântico em objetos um pouco maiores, nem pensar em humanos dando saltos quânticos. É sério, toda vez que escuto a expressão que parte da humanidade vai dar um salto quântico, imagino pessoas peidando, liberando energia e pulando para camadas inferiores de energia, o inferno quântico de Dante. Os que querem subir no nível de energia deverão absorver essa energia, aí fica por conta do leitor imaginar a cena.

- Fractal é um conceito geométrico que usamos para descrever a natureza, tem a ver com dimensão fracionária. Rapidamente, pode-se entender que serve para mostrar que na natureza as coisas se formam para minimizar o espaço que ocupam, mas maximizar sua funcionalidade, por exemplo, uma árvore tem uma dimensão fracionária entre 2 e 3 porque não é um plano, mas também não ocupa plenamente as 3 dimensões, ou seja, pequeno volume, mas grande área. Outro exemplo são nossos pulmões. Imagine uma esfera densa, sem buracos internos; essa esfera é um objeto com 3 dimensões, mas uma esfera oca, com apenas uma casca infinitamente fina pode ser considerada um objeto com apenas duas dimensões. Qualquer coisa entre a esfera oca e a densa é um objeto fractal, apenas isso. A fractalidade também pode ser vista como características que observamos nessa teoria, como auto-similaridade em escalas ou a invariância nas escalas, ou seja, as coisas são parecidas quando se amplia um objeto. Aí alguém usou esse conceito para falar que as coisas são parecidas no mundo microscópico e no macroscópico e deturparam tudo, apenas para dar aquele ar de inteligência científica. Diga-se de passagem, Teoria da Complexidade e Sistemas Dinâmicos é belíssima, vale a pena dar uma estudadinha!

Então temos alguns pontos que estão claros. É balela, conversa para boi dormir ou, pior, para enganar trouxa. É algo como aquelas pessoas que colocam o adesivo “amo minha família” no carro e você encontra esse carro no estacionamento de um puteiro. São pessoas que querem o rótulo de evoluídas, além de boazinhas. O estranho é que as empresas do setor de Internet não bloqueiam esses conteúdos por serem falsos ou não conterem informações cientificamente comprovadas, como fizeram com aquelas que questionam as picadas das grandes indústrias farmacêuticas. Estranho que também não bloquearam os conteúdos terraplanistas, afinal, não atrapalham os interesses comerciais ou políticos de ninguém. Mas isso é outro assunto.

Existem outras narrativas que tentam explicar a “mudança” da humanidade, como a que iremos vibrar em frequências mais elevadas (apenas as pessoas boas, já que as ruins vibram em frequências mais baixas). Usam o termo alta e baixa como qualificação moral, é algo insano. O que frequência tem a ver com tudo isso? E que tipo de vibração, eletromagnética? Sério? De qualquer forma, devemos saber que se a frequência subir demais a situação não fica muito boa. Com frequências baixas podemos provocar determinados fenômenos, não necessariamente bons ou ruins, o mesmo para altas. Tudo isso depende exatamente da mão que promove o evento. Basta ver as radiações nucleares, a mesmíssima coisa pode ajudar no tratamento de câncer, gerar energia elétrica para milhões de pessoas, mover navios ou simplesmente assassinar centenas de milhares de pessoas num único evento promovido por um grupo de pessoas que está simplesmente querendo mandar e controlar todas as demais bilhões de pessoas nesse planetinha da esquina de um subúrbio de uma galáxia perdida nesse Universo que não fazemos a menor ideia de como realmente funciona e, pior ainda, para que funciona. Mas nos achamos a última migalha de biscoito do pacote que interessa ao dono do Universo. Ah, e esse dono do Universo está muito preocupado com o que você anda fazendo trancado no banheiro.

Entretanto, nada disso invalida a ideia central dessas pessoas de que estamos vivendo um momento único. De fato, pela própria constituição do Universo que percebemos, cada momento é mesmo único. Mas a busca pelo conhecimento, seja ele físico, biológico, psicológico ou mesmo espiritual requer dedicação e uma outra coisa muito importante: ÉTICA. Não é nada ético sair por aí falando palavras bonitas que parecem inteligentes para enganar outras pessoas ou apenas alimentar o ego com curtidas de pessoas que apertam o like até em vídeos de dancinhas estranhas. O momento é mesmo único, por isso não perca tempo se desviando do caminho, e esse caminho já foi escrito usando outras línguas e formas. Hoje, pelo mundo que vivemos, precisamos dar uma linguagem científica para ter valor, mas valor pra quem? Para os outros. E, sinceramente, sua evolução não depende dos outros, menos ainda da opinião dos outros. Como se diz, opinião é igual a cu, todo mundo tem e serve para fazer merda. A sua evolução pessoal depende exclusivamente de e para você. Ou você acha mesmo que aquela imensa quantidade de “curtidas” no seu vídeo irá garantir um lugar especial no paraíso ou na nave alienígena que está chegando para nos salvar? Ah, salvar de quem ou quê?

Outra coisa que fica muito claro com essas narrativas é o fato de que as pessoas criam as chamadas pós-verdades para a suas necessidades existenciais, ou seja, inventam qualquer explicação para criar esperanças de que as coisas vão melhorar, seja agora nessa vida ou até mesmo imaginam uma vida após essa (sim, por mais que acreditemos, ainda é uma imaginação). Tem muitos que esperam há dois mil anos um ser divino voltar para que possamos ter uma vida paradisíaca, outros que cansaram dessa espera aguardam alienígenas até da 9a dimensão, outros esperam ondas quânticas transmigracionais da turbulência violeta da frota intergalática do comandante Chiroquiponja, e por aí vai. Todos continuam entregando suas vidas inteiras, a única que sabemos de fato que temos, e cada instante da dimensão temporal para coisas imaginárias, isso é um desperdício estúpido. A verdade está tão mais perto que não precisamos de 5a dimensão para encontrá-la. Mas mentiria se dissesse que consegui chegar até lá, não consigo pelas amarras que criamos em apenas três dimensões espaciais e uma temporal. Não preciso de salto quântico para justificar meu fracasso ou colocar a culpa num Jesus que não voltou. Quase somos os únicos responsáveis pela nossa prisão. O quase se deve ao fato de que existem seres, humanos de carne, osso e apenas três dimensões, interessados em nos manter nessa ignorância sistêmica, criando bolhas de realidade (tantas quantas forem necessárias) para nos manter alienados da REALIDADE. Esses seres se alimentam de nossa energia, seja ela física (trabalho), psíquica (toda essa tranqueira que vemos nas diversas mídias) e espiritual (religiões, esoterismo, etc.). Essas são as únicas amarras reais que podem, e têm conseguido, nos conter no caminho da busca, essa turma é a única que tem o poder de fato de nos deixar aprisionados no que chamo de Mayatrix, a matriz das ilusões. – Faça assim e terá sucesso, assado e terá dinheiro, cozido terá poder e frito atingirá o nível dos grandes sábios da humanidade. Com isso, o único mundo real com quatro dimensões que conhecemos e podemos viver nele será de um seleto grupinho de parasitas bem mais espertos e que faz questão de deixar que essas asneiras proliferem.

Devemos dedicar toda energia mental que temos numa busca real, sem dogmas ou crenças fajutas, menos ainda em estapafúrdias ideias criadas com palavras difíceis que fazem parecer algo pertencente ao mundo dos sábios. Só existe um mundo, e tanto faz se é do sábio ou do ignorante, todos podemos atingir nossos objetivos e sem que ninguém atrapalhe. Busque sua verdade sem precisar dar explicações imbecis para ninguém, menos ainda parecer o que não é, isso faz parte da ilusão. Se você está preocupado em parecer inteligente e moralmente evoluído, desista dessa ideia de correr atrás de mitos, anjos, extraterrestres, seres iluminados, comandantes de frotas, não adianta bajular seres imaginários, corra atrás de aproveitar essa vida aqui em três dimensões e na quarta dimensão do agora. Em resumo, é só isso mesmo que temos para hoje.

Alexandre – Na roça pensando merda em 17 de janeiro de 2023

Finalmente, depois de mais de vinte anos, um sistema do Governo Federal está unificado numa só base de dados (ainda que distribuída), com interface centralizada, está funcionando. Lembro quando participei de uma reunião no DataSus em final de 1998, ou 1999, para avaliar a questão de segurança do sistema e fiquei espantado com o objetivo do sistema, afinal eu ainda era um iludido (hoje, duplamente iludido). Um dos aspectos mais insanos era a questão do cruzamento de dados, o que é considerado uma afronta às liberdades individuais, afinal, cruzar dados de saúde, social, eleitoral, financeiro e tributário viola toda orientação aceita e leis em vários países do mundo. Claro, não é necessário nem falar sobre as vulnerabilidades, afinal, quando há uma violação, essa pode atingir todas as esferas dos dados. E o poder de quem detém essas informações é absurdo.

O mais interessante é que o sistema do .GOV.BR está entrando em operação aos poucos, invadindo as vidas das pessoas sem que elas percebam. Quando se vai renovar a carteira de habilitação, naquele momento começa o uso de um inocente aplicativo. Depois o licenciamento veicular. Aí, para uma matrícula na escola te pedem dados do INSS. Para um emprego, te pedem dados da Receita Federal e Justiça Eleitoral. Por fim, agora, com a pandemia, seu salvo-conduto está nos registros do SUS, o seu passaporte sanitário. No fim, toda sua vida está nas mãos do Estado. Ops, acho que errei! Estado? Já foi, afinal, de quem são os sistemas utilizados pelo Estado? Das grandes corporações tecnológicas e os sistema tiveram consultoria de empresas multinacionais famosas.

Mas, além de estarmos todos amarrados pelos pescoços, esse tal .GOV.BR deixa claro os objetivos de quem controla os sistema. Contrariando toda a pregação nessa pandemia de que todos estão preocupados com a saúde do povo, a parte do SUS (Conecte SUS) está obviamente demonstrando que a única preocupação é o controle da liberdade (liberdade condicional) e não da saúde das pessoas. Acessando o sistema, tem-se acesso à toda vida do paciente, todas as consultas, remédios, exames, etc… Ops, deveria ter, mas não tem nada ali. Só o registro da picada contra a peste. No meu caso, em particular, tem uma informação sobre um remédio que não tomo mais que foi cadastrado pela farmácia para que eu pegasse através do programa Farmácia Popular, só isso. Não tem nenhuma das consultas que fiz, exames, nem nada, e tudo feito pelo SUS. Ou seja, fica óbvio que o interesse dos gestores públicos não é com a saúde da população. Quem atende no postinho, não anota nada. Quem atende na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) não anota nada. Então, para que serve um sistema desses, caro de doer?

Para piorar, isso demonstra a corrupção para todo lado, não apenas na esfera pública direta, pois, por exemplo, muitos hospitais privados fazem parcerias para atenderem pelas UPA’s. Quando se chega num hospital para atendimento de emergência, todo mundo apresenta o cartão do SUS e assina, em branco, a ficha de atendimento. O que já é errado, assinar antes de ser atendido e em branco. Já aconteceu de desistir do atendimento e eu exigir o papel de volta, não queriam me devolver, mesmo sem atendimento. Claro, criei confusão! Oras, deixar o papel em branco, os caras colocam o que querem ali para cobrarem do SUS que paga sem nenhum problema. Será que se fizer uma auditoria nesses pagamentos do SUS aos hospitais vai aparecer que eu ou minha companheira tivemos o quê? Provavelmente já fiz até ressonância magnética para tratar unha encravada, já tomei diversos medicamentos por via endovenosa, raio-X, ultrassonografia do útero. Isso explica porque os dados do SUS não são tratados como os dados a Receita Federal e do INSS, permite uma corrupção que ninguém fiscaliza. Eu não conheço ninguém que tenha exigido o relatório do hospital após atendimento.

Mas, o que realmente demonstra toda essa capacidade de centralização de dados é que o Estado e seus gestores estão negligenciando totalmente a saúde do povo, apesar de gritar aos quatro ventos que a campanha de cavinação é para salvar vidas que eles estão muito preocupados. Sim, preocupados com as vidas de seus familiares e amigos, pois só estou vendo as grandes farmacêuticas enchendo as burras e remunerando agentes públicos e privados para suas campanhas. Como essa campanha de cavinação está sendo feita é outro assunto tão nojento quanto o descaso público com a nossa saúde. Além de os dados do SUS serem absurdamente negligenciados, temos que lidar com os interesses obscuros das empresas de tecnologia em relação aos dados da cavinação, justamente os únicos lançados de acordo com os procedimentos. Para que será que eles querem nossos dados? Será que vão notificar usuários de Facebook, Youtube, etc com mensagens do tipo: Como você não se “cavinou”, você está bloqueado por discurso de ódio! Como você não tomou a 3a dose da “pifaizzer”, seu acesso será interrompido! E não esqueça de votar no presidente da “pifaizzer” como cidadão do bem mundial.

Além do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária divulgar abertamente os dados de produtores orgânicos (nome completo, CPF inteiro, fone, e-mail), violando a lei de proteção dos dados, veremos agora um CRIMINOSO cruzamento de dados fiscais, sociais, eleitorais, financeiros, securitários, sanitários em conjunto com as grandes empresas de tecnologia, as Bigtechs. Em resumo, o .GOV.BR trabalha para as corporações poderosas aumentarem seus poderes sobre todos nós, o Estado brasileiro tornou-se um capataz do império das grandes corporações mundiais. Os funcionários públicos alimentam sistemas que colocarão todos nós dentro de um único curral, mas em cumprimento de suas obrigações. Chegará o dia em que para se aposentar, requerer um benefício previdenciário ou uma declaração da situação cadastral, bastará perguntar ao Google, se você for um menino bem comportado nas redes, sem discursos de ódio, sem falar mal de empresas e ter tomado a 532a dose da “pifaizzer”, estará tudo certo. Mas, se você escreve falando mal do sistema, das corporações, sistemas governamentais e duvida da benevolência corporativa, você não terá direito nem de andar por aí, quanto mais se aposentar ou acessar o sistema de saúde.

Acho que nem Aldous Huxley e George Orwell conseguiram imaginar o tamanho da perversidade humana, em especial dos mestres do universo. O que está sendo implementado com esses sistemas centralizados utilizando tecnologias de empresas que pertencem a um pequeno grupo de pessoas que controla praticamente todas as grande empresas do mundo, através da gestão acionária de ativos, é de uma perversidade nunca antes imaginada na história desse planeta.

Feb 102021

Essa pergunta atormenta uma parte da humanidade. Até hoje eu fico escutando o Abujamra em seu programa “Provocações” fazendo a pergunta ao entrevistado. Basta eu ficar à toa curtindo o jardim e o céu com seus movimentos, ou mesmo na lida com enxada ou roçadeira, que não exige “presença mental”, fico tentando responder o Abujamra. Apesar de achar que a morte chega sempre antes de conseguirmos a resposta, continuo tentando.

Já tentei responder até com coisas como “a eterna e inglória luta sintrópica contra a entropia” ou o aumento da complexidade da consciência universal, etc. Mas tenho tentado uma resposta metafórica mais abrangente ou compreensível. Assim, resolvi buscar na comparação com as pessoas nadando no oceano. Mas, mesmo assim, não responderá o que é a Vida, apenas com o que ela se parece.

Imaginemos toda a humanidade brotando do imenso oceano caótico que nade em direção à praia da completude e paz. A grande maioria dos seres vivos nem aprende a nadar e morre lá mesmo, em alto-mar, uns tentando pegar carona com quem aprendeu a nadar ou esperando um grande navio que os levará para terra firme chamada Paraíso, sendo que esse navio não existe. Outros seguem alguns nadadores que prometem que a salvação está no fundo do mar, basta usar algumas coisas mágicas que tudo será resolvido. Alguns aprendem a nadar igual cachorro, ou seja, apesar do imenso esforço, não chegarão à praia e morrerão no mar. Outros, melhores nadadores, apesar de exímios atletas, morrem na arrebentação, com as ondas engolindo-os sem piedade. Já os mais olímpicos atletas chegam até a praia com a sensação de sucesso, mas morrem ali; pouquíssimos aprendem a nadar o suficiente para morrerem na praia.

Acredito que uma insignificante parcela dos seres vivos descobre que só será possível sentar em terra firme e curtir uma água de coco e um belo por de Sol se aprender a voar, não a nadar. Isso mesmo, apesar de estarmos no oceano, o que devemos aprender é a voar (isso significa que não é pelas dimensões usuais de tempo e espaço que se consegue a vida, mas buscar outros planos dimensionais). E talvez descubra-se apenas que não existe nem água de coco, nada além da própria consciência. E para voar devemos ser leves, soltos e desapegados do ambiente marítimo, não nos prendermos à ilusão de que precisamos dos peixes e da água para viver. Precisamos de um corpo e mente leves o suficiente para alçarmos o voo em direção à praia da liberdade. Creio que seja extremamente fácil voar, difícil é soltar as malas e bagagens que carregamos e especialmente difícil é soltar aqueles que não sabem nadar e que acabam por nos fazer afogarmos juntos. Em resumo, viver é, para a imensa maioria, nadar, nadar e morrer antes mesmo de chegar à praia.

Antes de aprendermos a voar, precisamos aprender a esvaziar as malas, jogar fora todo aquele lixo de pensamentos, coisas, pessoas e fantasmas que acumulamos por alimentar o ego e desejos supérfluos e fúteis. Diminuir os pesos físico, mental e espiritual, deixar de querer controlar todas as situações que não nos dizem respeito, buscar o único poder que realmente importa, o poder de controlar a si próprio, nada além disso – o poder do silêncio e da invisibilidade – fácil no início da jornada, mas fica cada vez mais difícil ao longo do tempo. Deixemos de lado quem quer nadar e se divertir nas águas que os mestres do Universo insistem em nos mostrar que é bom e certo, nos afogando. Quem quiser ficar com a planejada polarização da vida política, que fique. Quem quiser ficar com o futebol, shows de músicas sem artes, churrascos e putas, que fique por aí e morra afogado em mágoas, culpas, frustrações, dores e impotência.

Eu quero voar! Ainda não sei exatamente como se faz isso, mas estou certo de que não é fazendo o que fiz até hoje, nem obedecendo as ordens e regras que os fracassados do sucesso aparente nos impõe. A busca por dimensões além-mar, além das observáveis fisicamente, é necessária, mas não podemos nos iludir achando que isto tem relação com religiões, seitas, deuses ou salvadores milagreiros; estas ilusões servem apenas como um peso preso em nossos pés, nos afundando mais rapidamente. As ilusões apenas aceleram nosso afogamento quase inevitável. A liberdade custa cada vez mais caro à medida que o tempo passa, mas é um preço pagável por qualquer um, o preço das bagagens e bagulhos que insistimos em carregar. Já nascemos com as asas, mas nos fizeram acreditar que eram nadadeiras. Quem sabe o que e quem encontraremos além da praia…

Numa bela manhã de primavera, a agricultora foi em sua pequena horta para colher legumes e verduras para o almoço de sua família. Ao chegar perto do canteiro das cebolas, houve uma agitação das plantas, mas a mulher, insensível ao burburinho, agachou-se para colher. A cebola tentou correr, mas suas raízes estavam fixas ao solo e a cebola não se moveu. Quando a cebola foi agarrada pelas folhas para se arrancada do solo, ela gritou, mas a mulher era surda para os sons dos vegetais. E assim, a cebola fez companhia à alface decapitada que estava no cesto.

A cebola ficou revoltada, pois tinha apenas seis meses, ainda uma menina, que só dá flores e sementes aos dois anos de idade. Ao ser lavada e ter suas folhas e raízes cortadas na pia, a cebola jurou vingança e, ao ser cruelmente descascada, fez seu algoz, insensível às dores vegetais, chorar. E assim, as cebolas se vingam daqueles malvados assassinos de crianças do mundo vegetal, que acham que apenas seus semelhantes que correm e gritam possuem vida e merecem viver.

Temos assistido na imprensa uma enxurrada de críticas ao processo de militarização do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), notadamente pela exoneração de uma funcionária de carreira do cargo relacionado aos relatórios emitidos sobre o desmatamento da Amazônia, que vem crescendo sistemática e exponencialmente neste governo. E ainda assistimos à pressão da comunidade internacional sobre essa questão. Mas, isto não passa de cortina de fumaça, nos dois sentidos. Há outros objetivos muito mais preocupantes e nefastos nessa tomada de controle de uma importante instituição.

O INPE é responsável por pesquisas e tecnologias satelitais do país, ou seja, os satélites são controlados por essa instituição, e alguns em conjunto com as Forças Armadas. Além disto, o INPE controla o CPTEC, centro de pesquisas e tecnologias do clima que fica perto, em Cachoeira Paulista. O CPTEC conta com supercomputadores de última geração, entre os maiores do hemisfério sul, com imenso poder computacional por conta das complexas equações para simulações meteorológicas. Além disto, o CPTEC controla uma grande rede nacional de antenas de radiação eletromagnética de baixíssima frequência (ELF), usada para pesquisas de controle climático e também armas climáticas. Para quem não acredita em armas climáticas, acha que isto é teoria da conspiração, devo lembrar que a ONU emitiu uma resolução em 1977 (Convenção sobre a Interdição de Testes no Meio Ambiente com Fins Militares) proibindo testes e usos de armas climáticas, ou seja, se é proibido é porque existe. Assim, o CPTEC controla e instala as tecnologias capazes de provocar secas, inundações, terremotos e ciclones. Esse artigo de Fran de Aquino, um pesquisador do Maranhão e do INPE, mostra os aspectos físicos desta tecnologia: High-power ELF radiation generated by modulated HF heating of the ionosphere can cause Earthquakes, Cyclones and localized heating”. Outro texto, de 1990, da Força Aérea e Marinha americanas, descreve o HAARP e seus usos militares.

O CPTEC, em conjunto com a Força Aérea Brasileira, tem feito testes e usos dessas armas climáticas há bastante tempo, provocando secas no sudeste, inundações, ciclones e leves terremotos (já escrevi sobre isso aqui). Já existem alguns conjuntos de antenas de ELF instalados no país, sob orientação militar dos EUA, sendo que no interior de São Paulo e Maranhão já estão funcionando, não tenho certeza da ativação das demais. Esse tipo de tecnologia permite provocar catástrofes também fora do país, como na Venezuela, por exemplo, um país que tem sido citado demais pelo Jair. Daí vem o interesse na militarização do INPE, uma vez que nosso “Braço Forte” só tem capacidade para bater no próprio povo, pois numa guerra com a Venezuela nossas FFAA não aguentam dez minutos de luta. Com apoio americano e essas armas climáticas, o Jair vai fazer o que todo oficial das FFAA sonha, mandar soldados, cabos e sargentos para morrerem em combate.

Em resumo, a militarização do INPE não tem relação direta com a questão ambiental da Amazônia, mas o controle total dos satélites e armas climáticas. Obviamente que tudo isso acontece seguindo ordens dos EUA, para quem nosso excelentíssimo Jair bate continência e comemora o feriado de independência.

Todos sabemos que a vida é determinada pelas decisões que tomamos frente aos problemas e soluções que brotam a cada minuto, o passado é um conjunto de decisões tomadas e encadeadas pela causalidade, o futuro é um conjunto de todas as possíveis soluções e o presente é aquela ação, ou não-ação, que tomamos e determinamos, assim, uma solução do conjunto das soluções possíveis. Tudo isso é muito bonito no papel ou em textos coloridos e animados em redes sociais para demonstrarmos que somos sensíveis, inteligentes e guerreiros (embora a palavra certa seja “babaca”). Mas, na prática, isso demonstra que em determinados momentos nos encontramos numa encruzilhada, se não numa sinuca de bico. Chegam momentos na vida em que as possíveis soluções são poucas, e quando chegam a um número muito pequeno, como duas soluções, significa que, paradoxalmente, estamos prestes a entrar num estado caótico, sem controle das condições de contorno e que a previsibilidade desaparece, como acontece comumente na natureza (sistemas dinâmicos). Ou seja, quando chegamos num ponto em que temos à nossa disposição pouquíssimas soluções, estamos à beira da catástrofe. O famoso “se correr o bicho pega, se pular o bicho come, se voar o caçador atira, se pular n´água a piranha pega”.

É óbvio e evidente que estamos vivendo um momento único na história da humanidade com essa pandemia de coronavírus associada a uma crise de valores morais, políticos, sociais e, sobretudo, econômicos. Com um agravante: há uma imensa polarização na sociedade; há quem acredite que o vírus mata muito, outros que não passa de uma gripezinha. Há quem ache que o vírus é uma ideia da esquerda e outros que acham que a direita se aproveita desse fenômeno. Fora os que acreditam que seu deus ou deuses enviaram esse vírus para salvar os escolhidos e matar os pecadores, outros que não acreditam em deus nenhum. O interessante é que, nesse momento, as opções entre esses dois “mundos” quase não existem mais, ou seja, a polarização é altíssima. Como disse acima, os estados com bifurcação evidente antecedem o completo caos, catástrofe. Mas, o termo caos ou catástrofe não se refere àquele proposto por Hollywood, com bolinhas de fogo voando, aviões dando ré no ar, e muito menos com os mocinhos e mocinhas lindos e americanos salvando o mundo. Aliás, é bem diferente disso, até porque a salvação não virá, definitivamente, de americanos.

É opinião comum que nossa sociedade está doente, todos sonham com uma vida diferente da atual, mas, contraditoriamente, muitas pessoas querem que tudo volte como era antes. Como assim? Antes era tudo uma merda, mas queremos que volte a essa merda? As pessoas querem que a pandemia passe para voltarem a seus trabalhos escravos e possam comprar coisas supérfluas ou totalmente desnecessárias, gastando recursos escassos do meio ambiente (que tem agradecido muito por esse momento de “refresco dos humanos”) e alimentando uma elite vagabunda. NÃO! Por favor, não façamos isso! Esse é o exato momento que temos para mudarmos nossas vidas pessoais e a sociedade. É doloroso e amedrontador encarar o desconhecido? Claro, mas é a chance que não teremos novamente de mudar nossa sociedade e reescrevermos nosso futuro, que estava condenado à total escravidão ou destruição.

Esse é o momento de gritarmos bem alto: LIBERDADE! É agora que podemos assumir o controle de nossas vidas pessoais, familiares e de nossas comunidades. É agora que descobrimos que não precisamos de ninguém nos controlando e mandando fazer o que eles acham certo ou errado. Não é mais hora de alguém tão longe de nós decidir o que é melhor para cada um de nós; vivemos em pequenas comunidades, ao contrário do que pode parecer. Neste momento de todos trancados em casa, fica fácil perceber que nosso mundo se resume a um pequeno grupo (um grupo de redes sociais é grande demais, até), daí essa comunidade. Está claro que são os vizinhos que nos ajudam de verdade, na hora que alguém precisa comprar um remédio ou ir ao mercado, é na base da solidariedade da comunidade que se resolve esse problema. Então, por que ficarmos ansiosos e aflitos com o que estão fazendo em Brasília, Nova Iorque ou sei lá onde? Está na hora de assumirmos o controle de nossas vidas trazendo o poder de volta às comunidades, não deixando a cargo de um poder central estúpido que está apenas garantindo seus próprios objetivos. Eles que fiquem falando sozinhos e se matando entre si. Isso não nos diz respeito de verdade. É sério que importa para nossas vidas saber que o filho do presidente é um garanhão que não pega nem gripe? Estão querendo nos manter na mais santa ignorância.

Esse é o momento de escolhermos o que é importante para nossas vidas, escolhermos o que fica e o que sai. NÓS temos que escolher, ninguém deve fazer isso por nós, muito menos uma elite de comunicação de massa que tem uma concessão pública e escolhe que devemos assistir novelas velhas e até jogos de futebol velhos. Que devemos escolher o juiz porque o capitão é bandido. Os dois, aliás, todos ali, incluindo as famílias donas das mídias, são de péssimo caráter. Então, por que nos preocuparmos com eles? Vamos nos organizar em grupos, pequenas comunidades, mas não grupos que escolhem um para mandar. Todos devem participar das decisões e ações dessa comunidade. O modelo social tem que ser diferente desse atual que todos querem que mudem, mas têm medo de mudar. Grupos autogeridos, com valores próprios que podem ser diferentes entre os grupos. Esse modelo centralizado longe de cada um de nós não é um único que existe. Dá trabalho mudar? Claro que dá, é uma questão de escolha. Sei que muitos preferem ser escravos iludidos que sonham serem senhores feudais, esses que continuem alimentando parasitas. Aqueles que buscam vida inteligente fora do sistema devem agir imediatamente. É hora de usarmos o que temos à mão para encontrarmos nossos semelhantes e formarmos essas comunidades, que podem ser as mais diversas possíveis. Não há regras, esse é o ponto. Após a bifurcação, surge um mundo de altíssima complexidade e diversidade, em oposição a essa massificação do rebanho que observamos no mundo inteiro. Que surjam grupos com características mais distintas possíveis, com uma única condição: nenhum grupo tentar impor seus valores a outros grupos, respeitar as escolhas de valores de cada grupo. Não podemos admitir mais que dementes que acham que seus valores são corretos e por isso têm o direito de matar ou torturar quem pense diferente. Já vivemos ditaduras e idade média, não precisamos mais dessas ignorâncias.

É agora ou nunca. Se você quer um mundo diferente, uma vida diferente da que tinha antes dessa imensa oportunidade aparecer para todos nós, não fique aí reclamando que perdeu o emprego, que precisa voltar para seu trabalho e sustentar seu patrão e esse sistema podre. Aproveite o isolamento para se organizar, principalmente mentalmente, para uma nova sociedade que você pode ajudar a criar. Livre-se dos conceitos velhos e podres, deixe que o ar fresco chegue até você e se dê a oportunidade de viver algo totalmente novo. Bicho que fica parado vira almoço do predador. E os predadores estão soltos e famintos! É a vez e a hora daqueles que são “metamorfose ambulante” de Raul Seixas ou “statu variabilis” de Carl Orff.

Exmo. Senhor Prefeito

Prefeitura Municipal de Conceição do Rio Verde

Ofício: 006/2020

Assunto: Solicitações Faz

C/C: MPMG – Ministério Público de Minas Gerais

Exmo Sr. Dr. Promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Rio Verde

Exmo. Senhor Prefeito,

Eu, Alexandre Faria Guimarães, produtor rural familiar, residente e domiciliado na zona rural deste município, venho, mui respeitosamente, reiterar solicitações para que sejam providenciados os reparos adequados na estrada que serve à região do Palmital/Arenito. Minhas últimas solicitações, verbais e por ofício em 18 de fevereiro de 2019, foram parcialmente atendidas, pois apenas a motoniveladora foi utilizada com o objetivo de aplainar a referida estrada, sem, entretanto, providenciar a correta captação de águas pluviais, compactação do solo na área de rolamento e o cascalhamento de declives em áreas com piso em argila vermelha (extremamente deslizante). Como já é do conhecimento de V. Exa., basta apenas uma pequena chuva para que o direito de ir e vir dos moradores dessa região seja comprometido.

Os referidos reparos parciais também provocaram danos à estrutura que encontrava-se adequada, como manilhas para captação de águas fluviais que cortam a estrada que foram entupidas pelo acúmulo dos rejeitos da operação da motoniveladora, bem como quebra de manilhas instaladas pelos próprios moradores. Ressalta-se que nenhum desses danos foi reparado, o que tem provocado transtornos aos moradores, como é do conhecimento de V. Exa.

O uso inadequado e intempérie de tratores para atendimento de demandas antigas de produtores da região provocou o total impedimento ao tráfego por três dias, e somente após insistentes reclamações o trecho foi recuperado de forma precária, ainda que tenha provocado danos ao patrimônio privado, como cercas. Providenciar o alargamento da pista de rolamento durante o período de chuvas não é recomendável, como é do conhecimento de todos. Apenas ações para reparações de danos severos devem ser executadas.

Devido ao uso inadequado da motoniveladora, sem as devidas captações de águas pluviais, a estrada rapidamente degenerou devido ao intenso fluxo de água no meio do acesso (pista de rolamento), acarretando erosões, buracos e até colocando em risco uma ponte de madeira (que também já solicitei a devida manutenção). Abaixo apresento um esboço dos possíveis perfis transversais.

Sobre a alegação de baixo tráfego nessa região, devo informar que o Estado deve prestar serviços a TODOS, e não apenas à maioria ou até mesmo a grupos dominantes ou politicamente afins. Portanto, independentemente da quantidade de moradores nessa região, todo e qualquer serviço prestado pelo Estado deve ser feito com a mesma qualidade que nas demais regiões. Diga-se de passagem, se o tráfego é baixo, isso deveria ser indicativo de baixa necessidade de manutenção se a estrada estivesse em condições adequadas, ou seja, serviço bem feito faz-se apenas uma vez.

Ainda, outros moradores reclamam da qualidade do serviço, mas devido à notória e conhecida subserviência do cidadão médio ao poder legalmente constituído, esses moradores não têm a devida coragem para reclamar das deficiências de nenhuma gestão, apenas o fazem de forma restrita e reservada, sem um adequado diálogo por receio do “poder das autoridades”, que eventualmente é abusivo.

O estado de conservação desses acessos tem provocado muitos transtornos aos moradores, seja na hora de providenciar o escoamento de produção agropecuária, seja em situações de emergências e urgências de saúde ou até mesmo em simples fretes que têm seus custos majorados pelos prestadores de serviços com a alegação de “estrada muito ruim”. Também é notório que a condição de acesso ao meio rural é um dos fatores importantes para o êxodo rural, afinal, quem gosta de ter a sensação de ficar preso em casa? Tem-se, ainda, a questão da evasão escolar dos jovens das áreas rurais; os mais responsáveis nessa questão mudam-se para cidades, aumentando o cinturão de pobreza no entorno. Não cabe neste documento dissertar em demasia sobre os transtornos socioeconômicos provocados pelas condições das vias de acesso, pois tenho certeza serem do conhecimento de V. Exa.

Como os responsáveis pelas manutenções dessas estradas não fizeram inspeções in loco para verificarem nossas solicitações, como as manilhas quebradas ou entupidas, acessos com valetas em excesso, apresento abaixo algumas fotos desses trechos para conhecimento de V. Exa.

Certo estou do empenho de V. Exa. na melhoria das condições de vida dos cidadãos desta cidade que escolhi para viver, empenho este que espero ser compartilhado pelos demais colaboradores desta gestão. Aproveito para reiterar meus votos de elevada estima e consideração, aguardo resposta a essa solicitação,

Conceição do Rio Verde, 13 de janeiro de 2020.

Alexandre Faria Guimarães

Veja algumas fotos nesse link: http://www.vimarania.com.br/estrada/

Tem um vídeo de uma moto da Cemig tendo que passar pelo pasto porque a estrada nem moto passava: clique aqui

Eu tenho uma amiga de longa data, a Falsiane. A conheço desde quando eu comecei a reconhecer o mundo a minha volta, talvez com uns 11 ou 12 anos. Falsiane é seu nome real, mas era conhecida por seu apelido: Realidade. Quando a conheci, apresentou-se como Realidade, uma pessoa sincera, honesta, concreta e, sobretudo, verdadeira. E assim a tratei por longos anos, Realidade. Ela ensinou-me a ser direto e objetivo com as palavras e sentimentos.

Entretanto, desde alguns anos, ela resolveu, ou melhor, eu fui atrás dela, e a encontrei combinando coisas estranhas, sobretudo para parecer mais bonita e atraente. Perguntei para ela:

Por que você está usando tanta maquiagem, fez plásticas, não estou nem te reconhecendo? Ela respondeu:

Para dizer a verdade é preciso criar ilusões. Ninguém se interessa pela Realidade sem roupa, nua e crua. Como preciso que as pessoas me admirem, crio ilusões de tudo. Você já reparou como as estórias inventadas são sempre mais bonitas e atraentes que as reais? Pois é, por isso as ilusões.

Neste momento, de revelações profundas sobre minha amiga Realidade, fui tomado por uma enxurrada de visões sobre como as coisas realmente funcionam, com as conexões entre os seres vivos de todos os espectros, as matrizes de ilusões usadas para amenizar a frieza da Realidade. Percebi como sentimentos de autoimportância, compaixão, autoestima, caridade e correlatos são ilusões vaidosas que criamos para amenizar a implacabilidade da Realidade; criamos o protótipo do homem bonzinho, aquele que todo dia posta “bom dia, amigos” em grupos sociais, mas, longe dos celulares e computadores, fala mal das pessoas e deseja muito mal aos outros. Aí minha amiga me disse que seu nome era Falsiane, pois a Realidade não era amada por ninguém. Agora, com este novo visual, minha amiga passou a ser adorada e chamada pelo nome antigo, paradoxalmente. Ou seja, agora que é a Falsiane, todos a chamam de Realidade. E ela atende por esse nome, mesmo toda maquiada, cheia de roupas lindas e caras; até sua voz é mais doce, suave e meiga. Agora ela tem bilhões de seguidores em todas as redes sociais, todos dizem que amam a Realidade. E mais, todos admiram as “verdades” que a Realidade posta nas redes sociais de todos os tipos. Eu disse a ela, muito chateado, puto mesmo, que ela deveria ter me ensinado tudo isto antes de eu ter me transformado em um porco-espinho. Não tenho mais energia para me transformar em um ursinho de pelúcia, bonitinho, peludinho, que todo mundo adora, mas não serve para porra nenhuma. E como tem ursinho de pelúcia nesse planeta.

A Realidade, ou melhor, Falsiane, atua e trabalha em todos os níveis dos relacionamentos humanos, desde os mais próximos, quando olhamos para o espelho, até questões globais. Tudo, absolutamente tudo, é uma ilusão. Falsiane consegue superar os melhores mentirosos do mundo, ela consegue enganar muita gente por muitíssimo tempo. A grande maioria das pessoas passa pelo mundo e morre sem conhecer a Falsiane pelada, pois a Realidade nua e crua é uma visão difícil para mentes fracas e cheias de vaidades. Aos olhos alheios, as pessoas que já viram Falsiane pelada parecem frias, estúpidas e amargas, pois aprendem que é totalmente desnecessário serem hipócritas e desconstroem sua autoimportância. Posso garantir, após o tempo necessário para os olhos se acostumarem ao brilho, a visão de Falsiane pelada é maravilhosa e extática. As pessoas que já vislumbraram essa imagem não mais precisam da aprovação alheia para seguirem com suas vidas e ganham apenas uma companheira sempre presente: a Morte. A Morte é a única companheira sempre presente em cada ato de nossas vidas. A Realidade apresentou-me a Morte, que é uma conselheira admirável. A cada dúvida, basta perguntar para a Morte que, ao contrário de Falsiane, não mente jamais.

Quem quiser reconhecer Falsiane agindo precisa fazer um pacto de sangue com ela, podendo chamá-la de Realidade. O pacto é doloroso, e depois é quase impossível retornar ao estado de uma pessoa comum, dessas que dizem “eu te amo” com a mesma facilidade que dizem “estou com sede”. Esse pacto é doloroso porque faz-se necessário admitir que as pessoas mais importantes para nós podem ser muito malvadas, interesseiras, egocêntricas e arrivistas, o que leva nosso pequeno mundo da autoimportância ao desmoronamento trágico e total. Quem conhecer Falsiane de perto deverá se acostumar com a vida de um porco-espinho. Mas tem vantagens, apesar de manter algumas pessoas interessantes distantes, também mantém muito distante as pessoas imbecis e dementes. Chega a ser pura diversão ver as atuações de Falsiane na vida cotidiana. Por exemplo, quando ela usa sua incrível capacidade de transformar as mais sórdidas traições em lindos contos de fadas e estórias de amor sublime, com direito a cupido que une casais e famílias de comerciais de margarina, com aplausos e choros de emoções.

Não faltam exemplos da atuação de Falsiane nesse mundinho que mais parece um curral contendo um rebanho manso e pronto para o frigorífico, que ela chama de Paraíso. A área onde a Falsiane atua com extrema destreza é a religião, ela consegue proezas como o seguinte diálogo genérico, mas não fictício:

Como você pode acreditar nisso? Não faz o menor sentido!

Mas está escrito na Bíblia.

Você, por acaso, já leu este livro?

Não, mas o pastor/padre me falou.

As pessoas acreditam num livro que nunca leram, e quem leu não acredita. Contradições que são obras de Falsiane. Ela me disse que falar a verdade, o que ela fazia há muito tempo como Realidade, levaria as pessoas a não se comportarem como desejam os poderosos, e isso poderia provocar violência desnecessária, melhor deixar as pessoas obedientes, apesar de ignorantes. Discordei, mas quem sou eu para argumentar contra a Realidade que me garante que o ser humano não está pronto.

Enfim, estou tentando aprender com Falsiane e não espernear por aí tentando mostrar fotos da Realidade pelada, assusta muito a imensa maioria dos moralistas e defensores dos bons costumes. Mesmo que esses costumes morais sejam transar com amigos dos companheiros, trair confianças, mentir em juízo, desprezar os menores indefesos, praticar violência contra os diferentes, ludibriar os sofredores com falsas promessas e obtendo lucros fantásticos, promover o ódio contra quem pensa diferente, torturas, destruição do ambiente em troca de dinheiro e poder, e toda uma imensa quantidade de disparates e maldades. Melhor mesmo é manter a Realidade reservada para correr para conhecer com mais detalhes outra pessoa maravilhosa, mas muito difícil de encontrar, a senhora Liberdade, que vive voando de gaiola em gaiola.


Apesar de pagarmos impostos abusivos, não temos os serviços mínimos necessários e combinados, como está em lei. Não há como não pagarmos esses impostos, pois está embutido no preço de tudo que compramos; não tem como mandarmos encher o tanque do carro e falar pro frentista que só vamos pagar metade porque a outra metade, que é de impostos, usaremos para pagar a consulta médica.

Essa consulta médica, que é direito universal segundo nossa Constituição Federal, é tratada pelo serviço público como um favor que os governantes abençoados autorizam e os funcionários respondem com o famoso “estou cumprindo minha obrigação”. Nos tratam como se estivéssemos ali pedindo esmola e eles, bonzinhos, nos permitem sairmos da repartição com a sensação de que somos os piores seres do planeta que atrapalhamos a vida desses seres celestiais, especialmente as autoridades benevolentes. Se quisermos uma consulta ou um exame, temos que bajular, fingir simpatia, orar, apenas para conseguirmos o que é um direito de todos, do mais pobre ao mais rico. Esse serviço não é assistencialismo social, é direito. Mas, dizer isto é malhar em ferro frio, sempre ouvimos as desculpas de que não tem verba, que estão fazendo o que podem, são as regras, não se pode fazer de outro jeito, etc.

Pior ainda nos dias atuais, em tempos de Internet, sistemas inteligentes, tudo digital, rápido, fácil e na ponta de um celular. Mas, isto não chega nos postos de saúde ou secretarias de saúde, onde as marcações de consultas estão em cadernos de papel que somem, restando ao usuário do sistema gritar para todo lado até conseguir, seis meses depois, uma consulta. Não há um banco de dados cadastral simples, um programinha besta que qualquer estudante de um cursinho técnico de informática sabe fazer. Uma planilha simples resolveria muito problema. Mas, preferem o discurso: “volte dia tal para agendarmos”. Pior ainda se a necessidade for de um especialista, pois aí é necessário voltar semanas depois para agendar um clínico geral, sair da consulta meses depois com um encaminhamento e depois ouvir a mesma ladainha e sem nenhuma informação num banco de dados, tudo em um caderninho anotado com caneta.

Ao final, uma solução. Quando finalmente a consulta for feita, depois de ter voltado umas dez vezes à secretaria para conseguir até um exame de sangue ou ultrassonografia, ou o problema foi curado pelo chá que a avó passou para gente tomar, ou a benzedeira resolveu com suas orações e ramos de arruda ou fomos a óbito. Esse é o interesse de quem comanda todo o sistema social, querem mais que o pobre morra. Disso já sabemos, o sistema está aí para manter os pobres úteis e exterminar os pobres inúteis. Pior que os pobres úteis ajudam no extermínio, pelo menos até chegar a vez deles. Em resumo, ou o problema de saúde se resolve sozinho ou o cidadão que quer seus direitos morre. E como tem gente morrendo em fila de SUS e hospital. E tudo isso porque nós escolhemos nossos governantes como se eles fossem os patrões e nós seus escravos. É o contrário. Enquanto os usuários do SUS estão perambulando à espera de uma consulta, indo e voltando de roças com estradas precárias e esquecidas, onde estão os governantes e seus servidores? Preparando-se para mais uma eleição, oferecendo festinhas para o povo esquecer quem é o patrão.

Por isso proponho a existência do atestado de óbito preventivo para evitar demoras até no sepultamento. Faz-se a via-sacra para conseguir a consulta, quando, então, o médico já emite um atestado de óbito, devidamente assinado e carimbado, faltando completar apenas com a data e a causa mortis. Daí, alguém da família do defunto termina de preencher e segue para a outra parte burra de nossa sociedade, que são os trâmites burocráticos para se dizer que um morto está morto, nos cartórios, Receita Federal, INSS, etc.

No meu caso bastará colocar a data, a causa da morte já pode completar: MORREU DE RAIVA.

Existem pensadores modernos que acreditam na humanidade, são positivos e esperançosos como Domenico de Masi e Bertrand Russell em seus ensaios sobre o ócio criativo, tentando mostrar que é possível uma sociedade com pessoas trabalhando menos horas por conta da alta tecnologia de produção que permite o trabalhador produzir muito mais em menos horas de trabalho, de tal forma que poder-se-ia imaginar pessoas lendo mais, produzindo artes, conhecimento e até mesmo entretenimento de qualidade por conta do tempo livre. Eles não consideraram alguns fatores muito fortes que serviriam de obstáculo à ideia do ócio criativo: a perversidade intrínseca, a ganância e o incrível poder da mídia no controle mental. Enfim, a tecnologia só beneficiou a elite dominante e patrões gananciosos que lucram absurdamente com o aumento da produtividade, mantendo os mesmos padrões de escravidão dos trabalhadores desde o início da era industrial.

Esse aumento da produtividade aliado ao aumento da população gerou uma horda de trabalhadores sem ocupação remunerada, o que vemos hoje no Brasil, oficialmente, cerca de treze milhões de desempregados e muitos mais desalentados. O que produz isso? Basta imaginar que os atuais empregados estão com medo de perderem suas posições, o que leva os patrões assumirem a posição de benfeitores, ou seja, os patrões são pessoas benevolentes que deixam os trabalhadores/escravos ganharem algum dinheiro produzindo riqueza para eles. Com isso, patrões, aliados aos governos inescrupulosos, pagam cada vez menos, retirando até direitos trabalhistas duramente conquistados. Enquanto os escravos agradecem os empregos, os patrões usufruem da riqueza gerada por esses escravos. Se não, vejamos alguns exemplos.

Um grande empresário do setor de calçados possui um iate avaliado em R$ 280 milhões, que leva sua filha para as ilhas gregas com o namorado que é filho de artistas (na verdade operários da indústria do entretenimento), enquanto seus funcionários não ganham o suficiente para comprarem os calçados que produzem, do mesmo jeito que os funcionários das indústrias em geral não podem comprar o que produzem, pois recebem salários de miséria. A notícia do iate foi veiculada em diversos programas televisivos de fofocas com um ar de conto de fadas, fazendo o incauto escravo sonhar com iates, champanhes e príncipes e princesas. E mais, os escravos juram que seus patrões são merecedores de tais fortunas, pois são pessoas especiais, amadas pelos deuses e que lutaram muito para conseguirem tornar-se vagabundos sustentados pelo trabalho alheio de escravos.

Exemplos bem mais próximos de nosso dia a dia podem ser encontrados numa profusão alucinante. Até em pequenos mercados em cidades do interior, peões de roça e até estrangeiros em fábricas em grandes cidades é possível encontrar trabalhadores recebendo vinte reais ou menos por dia de trabalho, sem nenhum direito trabalhista, e ainda escutam: “a situação está difícil, se você não quiser, tem quem queira”. Enquanto o próprio patrão vai curtir uma pescaria, se encontrar com amantes e sua mulher vai cuidar do corpinho em academias. Devemos considerar que o que recebem por dia de trabalho não é suficiente para garantir uma alimentação adequada, quanto mais moradia, educação, transporte; nem pensar em lazer. Ócio é uma palavra pecaminosa, a mídia e a sociedade em geral criou a ideia de que tem-se que trabalhar e descansar dormindo para trabalhar mais no dia seguinte. E os escravos acreditam nisso, que quanto mais exaustivo o trabalho, melhor é o trabalhador e ganhará o paraíso depois de uma vida sofrida e uma morte lenta e cruel.

Acontece que com essa mentalidade de que ócio criativo é coisa proibida e pecaminosa, os trabalhadores sem ocupação entram em desespero, ou entram para o crime, ou ficam doentes e morrem. Por isso a saúde pública está cada vez pior, é para deixar mesmo que os pobres desocupados morram, pois não merecem viver, estão atrapalhando a vida daqueles merecedores, que são a elite dominante, a classe média que se acha especial, e os escravos com ocupação útil aos demais. Mas, como parece que os escravos inúteis não estão morrendo na rapidez desejada, os governos subservientes ao capital dominante estão dando uma “pequena” ajuda promovendo e exacerbando as diferenças sociais, com as consequentes polarizações e ódios. Assim, em breve uma guerra civil poderá ocorrer (o presidente, em ato falho, já disse que quer armar a população para o caso de uma guerra civil – basta lembrar que pobre não tem dinheiro para comprar armas), pois escravos famintos saquearão supermercados, roubarão casas de ricos, bloquearão estradas atrapalhando o sagrado direito das elites transitarem enquanto humanos próximos morrem de fome. E o que acontece em caso de rebeliões de escravos? Outros escravos, mas os escravos contratados pelas elites e que também são pobres, usarão da força e violência para conter os famélicos que estão desarmados, daí fica fácil concluir que mais pobres inúteis e que estão consumindo o ar das elites serão mortos.

Com isso, os governos populistas e fascistas resolverão o problema do desemprego: matando os desempregados de fome, doenças ou com uma bala em nome da ordem e do direito à vida das elites merecedoras de toda a atenção dos homens e dos deuses. Que me perdoem De Masi e Russell, mas ócio criativo é um lindo sonho para ser sonhado por pessoas como Howard Woodhouse (Universidade de Saskatchewan) quando curtiu seu ócio num jardim em Loire, França. Ócio criativo não é possível para quem tem fome e tem capatazes do sistema no seu cangote. Só quem tem escravos a seu dispor e um iate de R$ 280 milhões, ou mesmo um mercadinho com escravos ganhando vinte reais pode curtir o ócio destrutivo.

Se esse modelo chamado de neoliberal fosse realmente focado em mercado, em vez de exterminar potenciais consumidores, deveria incentivar o aumento do mercado consumidor, gerando e distribuindo renda para que pudesse ter mais pessoas comprando, gerando mais dinheiro para os próprios capitalistas. Mas, como estamos vendo, o objetivo não é dar espaço para todos, mas aumentar o sentimento de importância da classe dominante. É como a pessoa que se sente poderosa não por ter poder de verdade, mas por ter pessoas sem nada por perto, sentem-se bem apagando as luzes alheias, não acendendo as próprias luzes. Tal como a vergonha que o filho da patroa sentiu ao ver o filho da empregada chegando à universidade pública.

Portanto, é fácil acabar com o desemprego, basta acabar com os desempregados.

Tem sido comum os relatos de pessoas com distúrbios sérios de autoimagem que geram problemas graves de saúde, eventualmente a morte. Normalmente esses distúrbios começam com a pessoa procurando ajustar seu físico às expectativas alheias, para ficarem parecidas com o que a mídia propaga como padrão de beleza. Entretanto, quando o distúrbio começa a ficar sério, a pessoa se vê como totalmente diferente do que realmente é, normalmente pessoas esqueléticas se enxergam como obesas, com isso param de comer e definham. Ou seja, sua imagem mental não espelha a realidade, um mal cada vez maior nessa sociedade do desejo do supérfluo. Apesar de ser um distúrbio individual, tem sua causa ou fator desencadeador no social.

Mas o distúrbio de autoimagem não se dá apenas em indivíduos narcisistas, se dá de forma mais comum e até mesmo aceitável nas pessoas aparentemente saudáveis que desejam apenas aparentar o que não são. Na minha infância no interior de Minas, era comum eu ouvir comentários, fofocas mesmo, da seguinte forma: “Fulano desfila no calçadão com roupas caras, compradas no crediário, mas a geladeira está vazia”. Ou: “O sujeito come mortadela e arrota caviar”. Isto demonstra, além de inveja, que as pessoas preferem parecer do que ser. Mas, o que isto tem a ver com fascismo? Calma, mais alguns exemplos, só que recentes.

Hoje, em 2018, nesse auge das manifestações de ódio pelos diferentes, ainda percebemos demais esses distúrbios da autoimagem. Nas zonas rurais do interior de Minas também é visível esse comportamento, especialmente agora com as propagandas sobre o agronegócio, o “Somos Agro”. Nada mais comum do que ver pequenos sitiantes se achando latifundiários pecuaristas exportadores de proteína animal. Tem muito, mas muito produtor com um pedaço de uns 30 a 40 hectares de terra, com cercas caindo aos pedaços, pasto raspado, umas 30 cabeças de bois mestiços, daqueles que só vão pro abate com, pelo menos, cinco anos, casa do bisavô que só tem luz por conta do programa “Luz para Todos”, um fusca ou brasília velha para não agarrar no barro, mas que se acha o quarto elemento na mesa de reunião de Maggi, Caiado e Kátia Abreu. E o pior é que esse sitiante, que se juntasse com seus pares teria realmente a força do campo, prefere desprezar seus iguais, até mesmo humilhar em nome da aparência.

E tem outros pequenos produtores, que se acham ainda mais espertos e superiores, capazes de proezas interessantes para aparentarem homens do agronegócio dirigindo caminhonetes 4×4 e contratando alguns peões na base do trabalho em troca de comida, abrigo e cachaça. Esses homens de negócio pegam dinheiro a juros subsidiados para comprarem carros (Pronaf), compram gado com empréstimo de cooperativa financeira a juros muito baixos, emprestam para outros a juros abusivos (agiotagem) usando o próprio gado como lastro para garantir o empréstimo na cooperativa. Com isso, além de se sentirem poderosos pecuaristas, sentem-se homens do mercado financeiro, verdadeiros banqueiros convidados para a próxima reunião no Rockfeller Center de Nova Iorque.

São esses anoréxicos sociais, intelectualmente desnutridos, mentalmente esqueléticos que se acham o suprassumo da sociedade e que desejam que seus vizinhos normais sejam dependentes deles, numa cadeia alimentar da mendicância, esperando que as migalhas mais limpas caiam em seus pratos antes de deixarem o resto para os inferiores. E muitos reclamam que anda faltando mão-de-obra (escrava) na roça, porque “esses vagabundos preferem bolsa-família que trabalhar para mim”. Repetem discursos exclusivistas como se fossem mantras, mas não entendem o que estão dizendo. São conservadores, retrógrados, e se baseiam em valores morais que os colocam em posições de benfeitores, enquanto os demais são considerados vagabundos se não trabalham para eles ou são ótimos funcionários se esses aceitaram as condições sub-humanas de trabalho. Como ninguém nasceu para ser escravo, a maioria das pessoas não trabalha mais para esses “homens de negócios”, daí nasce o ódio pelos “vagabundos”. Esses são os fascistas rurais. Outras áreas também têm seus “esquizo-fascistas”, como aquelas tias que fazem doces artesanais, os queijeiros artesanais ou mesmo alguns artesãos que se consideram verdadeiros industriais, gigantes da produção nacional, prontos para cargos na Fiesp, Fiemg ou coisas do tipo.

O mesmo ocorre de forma generalizada em nossa sociedade, as pessoas com distúrbios de autoimagem, que se acham superiores, estão cada vez mais iradas por conta de encontrarem resistência contra essa “superioridade”. Por isso temos pobres de direita, são pobres que se acham ricos e que não querem encontrar pobres assumidos no mercado, no aeroporto, no banco ou dirigindo seu carro popular zero na mesma estrada. E como esse comportamento não é racional, não há argumentos nem ideias a serem discutidos, sua visão de mundo é manifestada de forma estúpida, covarde e violenta, afinal a violência é uma manifestação da ignorância. São pessoas que acham que matando e atirando conseguirão convencer alguém de suas fantasias esquisitas, esquizofrênicas mesmo.

Daí nasce o fascismo, uma esquizofrenia social, quando um grupo se percebe falsamente como não é realmente, quando, tal como um esquizofrênico, acredita piamente que suas visões são reais. Também da mesma forma que um doente psiquiátrico, um fascista torna-se violento para demonstrar que está certo, que não pode ser questionado por ser ele um superior. Um exemplo claro dessa deturpação esquizofrênica é um fascista que acha que qualquer pessoa que recebe bolsa-família é um vagabundo que deve ser eliminado, não consegue ver ali um ser humano em situação de vulnerabilidade e em sofrimento, afinal, se é vulnerável é porque é fraco, portanto inferior e deve ser morto. Mas vai semanalmente ao culto cristão para falar em amor ao próximo e alívio do sofrimento alheio. O mesmo vale para qualquer pessoa que tenha comportamento ou valores diferentes do esquizofrênico/fascista.

Como resolver? Décadas atrás, dava-se remédios “sossega-leão” para esquizofrênicos, mas não resolvia o problema, muitas vezes, mesmo medicado, o doente tinha ataques de fúria e matava familiares e amigos; embora, normalmente, o fim de um esquizofrênico era o suicídio. No caso dos fascistas de hoje, também não vejo solução, apenas contenção, como funcionou até hoje, ou seja, uma contenção social baseada em leis que impedem a violência em último grau, apesar dela acontecer diariamente como disse acima. Portanto, a meu ver, infelizmente teremos uma grave crise desse doente social, que é um grupo que não enxerga a realidade e não raciocina, exatamente como um esquizofrênico. Não necessitamos de antropólogos ou sociólogos, mas de psiquiatras sociais. Ou talvez essa catástrofe social seja apenas uma simples manifestação natural de grupos arrebanhados que crescem acima de um certo limite, como no caso da experiência com ratos que, inicialmente, vivem pacificamente em grupos pequenos, mas que avançam até a situação de canibalismo quando o grupo cresce. De qualquer forma, previnam-se, os esquizofrênicos estão à solta em surtos psicóticos, alucinações megalomaníacas e mitomaníacas, sem remédios ou camisas de força.

Está para completar um ano do incêndio que queimou cerca de 1.600 hectares na região entre Soledade de Minas e Conceição do Rio Verde, sendo que meu sítio estava no caminho deste fogo criminoso. Veja mais sobre o incêndio neste texto. Mas, o que temos de novidade neste tempo? O que aprendi com este episódio?

Como dizem, aprendemos muito em situações críticas ou de catástrofes. Desde coisas simples relacionadas ao próprio trabalho no campo, prevenções de outros tipos de catástrofes, até sobre o comportamento humano, individual ou social. Na prática pude perceber que, de fato, braquiária adora fogo, como já diziam os roceiros; pouco tempo depois do fogo, mesmo antes das chuvas chegarem, a braquiária rebrotava com um vigor invejável, bastou a chuva para que eu tivesse um pasto bem formado, apesar de estar com as cercas queimadas, ou seja, um pasto que serviria para gado de todos os vizinhos. Aos poucos as cercas foram levantadas, de forma simplória, apenas para evitar o passeio ou perda de gado de vizinhos. As cercas ainda estão meio capengas, mas o pasto realmente ficou formado.

Nem tudo foi recuperado, algumas mangueiras ainda não foram substituídas, moirões ainda estão faltando, hortas e pomares não foram todos replantados. Mas os animais estão bem, especialmente as cabras e ovelhas, que, mesmo com a seca, estão com bom pasto à disposição. Uma coisa ainda é difícil recuperar, o sentimento de tranquilidade da roça; basta uma fumaça longe para reacender o medo de ver tudo ardendo, ficamos olhando para todos os lados para ver de onde vem a fumaça. Uma coisa positiva neste episódio foi perceber que ainda existe solidariedade de algumas pessoas, como foi o caso do Prefeito de Conceição do Rio Verde e do secretário de agricultura, como já disse neste texto. Enfim, apesar de todas as dificuldades provocadas pelo incêndio, é sempre possível recomeçar e estamos no caminho para retomar a produção, ainda com algumas dúvidas, mas nada que seja um impedimento decisivo.

Entretanto, algo incomoda absurdamente neste episódio: saber quem colocou fogo e não poder fazer nada. Sim, foi possível identificar a pessoa criminosa, tanto por cruzamento de informações quanto declarações de vizinhos em Soledade de Minas que viram. Mas, quem viu não quer declarar oficialmente, alguns me falaram porque não sabiam quem eu era, contaram o caso do incêndio, outros me falaram abertamente que não podem fazer nada. Tudo isto porque o incendiário é uma pessoa supostamente acima de qualquer suspeita, de família conhecida, é uma pessoa que declara princípios preservacionistas, ecológicos e éticos e acabou sendo vítima da própria estupidez. Assim, além dos prejuízos materiais e psicológicos que não poderão ser ressarcidos, os animais mortos, como o lobinho e pássaros aos montes, os ipês e candeias em recuperação e os cursos d´água assoreados não poderão voltar à vida ou ao normal. Tanta perda e ninguém pagará por isso, realmente vivemos tempos de impunidade para as elites e ascensão de seres inferiores, como disse neste outro texto.

Resta-nos, portanto, a resignação ou teimosia em continuar sonhando e a resiliência (palavra tão em moda) para suportar as envergadas que a natureza nos força ou as porradas que a estupidez humana nos dá.

Aug 112018

Aos cinquenta anos e às vésperas de um dia dos pais, resolvi fazer uma reflexão pessoal sobre meu pai, que está chegando à casa dos oitenta. Há trinta anos isto seria impensável, ou seja, quando meu pai tinha minha idade de hoje, eu o via apenas como um homem comum, com todas as virtudes, defeitos e, especialmente, um conjunto imenso de valores rígidos.

E o que mudou nesses trinta anos? Referente a meu pai, nada, ou quase nada, só mais rugas e cabelos brancos. Basicamente ele mantém os mesmos valores e princípios e reage da mesma forma se confrontado com as mesmas situações. Já eu, nesses últimos trinta anos, mudei muito, mas o mais importante é que mudei a forma como vejo meu pai, que não mudou. Ou seja, a teimosia dele, de tanto bater e ser dura, moldou em mim uma nova percepção. Tudo que eu via como um autoritário ditador frio e cruel, hoje eu vejo como um autoritário apenas para poder cumprir o que ele combinou consigo mesmo, ou seja, um determinado, obstinado e impecável cumpridor de seus próprios compromissos, alguém capaz de cumprir sua palavra até o fim, o que, nos termos dele, podemos chamar de Homem com H maiúsculo.

Obviamente sem fazer juízos de valores, afinal, valores pessoais são tantos quanto são os seres neste planetinha, meu pai cumpriu e ainda cumpre um compromisso que ele assumiu há mais de cinquenta anos, o compromisso e a responsabilidade de ser pai. Exatamente isso, meu pai é, de fato e de direito, um pai. Esse é o ponto que mudou drasticamente como o vejo hoje, ele é um pai. Desde que casou, em 1966, ele assumiu o compromisso de viver exclusivamente para a família, arcando com todas as responsabilidades oriundas dessa escolha, não arredando o pé nem por um milímetro. Podemos questionar sua visão de mundo, o que é certo ou errado (se há certo ou errado), seus métodos, etc, mas não podemos questionar sua capacidade de cumprir, com sucesso, a tarefa que assumiu.

Em suma, meu pai foi, é e será sempre Pai. Até hoje ele está sentado em seu trono à espera de um chamado de seus filhos, netos e até bisneto. E só gritar que ele está lá, pronto para estender as mãos para ajudar e puxar as orelhas. Ambas as coisas ele faz com a mesma determinação quando eu era moleque. Ainda sou moleque e ele pai. “Bença, pai!”

As referências ou comparações da coletividade humana com rebanhos é extensa, sejam em textos acadêmicos, sejam em botecos da vida ou até mesmo na arte, especialmente a música. Vida de gado, e hoje mais claramente, e tecnologicamente, marcado.

Do ponto de vista de um pecuarista bovino, por exemplo, o rebanho humano é invejável, afinal, o dono do rebanho humano não precisa fazer absolutamente nada, desde o nascimento até a morte ou abate. Nos rebanhos bovinos é necessário tratar desde o primeiro momento de um bezerro, tratando seu umbigo e garantindo que ele mame o colostro, essencial para a saúde. É necessário fazer pastos, desmatar, reformar, plantar para fazer silagens durante o inverno, fazer e reparar cercas, currais, vacinações, tratar bernes e carrapatos, vermifugar, fora as questões como melhorias genéticas, cruzamentos, escolha de reprodutores. Enfim, é muito trabalho para garantir o churrasco do final de semana.

Já o gado humano faz tudo isto sozinho. Ele mesmo trata o umbigo de suas crias, amamenta ou compra leite industrializado de grandes corporações de propriedade dos mesmos donos do rebanho, ou seja, o pecuarista humano lucra desde o nascimento de um bezerrinho, digo, bebezinho; ao contrário do pecuarista bovino que só lucra no abate. Esse gado humano produz seu próprio pasto, suas próprias vacinações e vermifugações, suas cercas, currais e até mesmo sua própria suplementação alimentar, garantindo um animal produtivo, muito produtivo. Ah, claro, produz suas próprias carroças. Fico imaginando a alegria de um homem antigo das roças usando um carro de boi que tenha sido feito por seus próprios bois, tal como hoje em dia um boizinho humano prepara sua própria carroça para dar lucro ao pecuarista sob a justificativa de que sem a carroça ele não ganha fubá e sal no cocho.

Tenho um vizinho que tem uns bois no pasto, bem tratados. Outros vizinhos sempre perguntam para ele o que faz para que seus bois estejam sempre gordinhos, no que responde: “dou cinquenta centavos para cada um e eles comem o que querem por aí”. Mal sabe ele que sua ironia é a mais pura verdade no que se refere ao rebanho humano. Os pecuaristas humanos dão algum dinheiro para o gado, mais para uns, menos para outros de acordo com que os pecuaristas chamam de mérito. Mérito deve ser um índice zootécnico associado ao prazer do pecuarista, mas os boizinhos humanos acham que esse índice é de acordo com sua capacidade individual, porque ele é melhor que o outro.

E nessa batida o gado humano continua por aí no pasto, cagando e andando, como faz muito bem todo e qualquer boi que vira churrasco. Nós podemos não nos transformar em churrasco de carne, mas alimentamos com muita energia seres que são “pecuaristas parasitas”. O pior é que a grande maioria do rebanho humano prefere assim por puro comodismo, submissão. Fomos doutrinados a achar que ser boi fujão, um rebelde contra esse sistema, é ruim e pode zangar nosso pecuarista, aí ficamos sem nosso fubá no cocho. O problema é que tem boizinho que prefere ir lá e fechar as cercas, currais e ainda ir até o pecuarista para falar que tem boi fujão, na esperança de conseguir um lugar melhor no curral. Só tem um jeito do boi submisso fugir, tal como na pecuária bovina, quando uma vaca do vizinho entra no cio, aí ele arrebenta a cerca, mas depois volta manso pro seu cocho de sal. Está na hora de arrebentarmos as cercas, currais e silos; está na hora do pecuarista preparar seu próprio pasto.

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