Com o recente anúncio de lançar seu próprio sistema operacional, a Google vai colocar lenha na fogueira da guerra entre os sistemas livres e os proprietários, especialmente pelo fato de o Chrome OS ser baseado em Linux. Além disto, a Google proibiu o uso de Windows na empresa. Mas o que podemos esperar desta guerra? Será que o usuário sairá ganhando, como é o que se alardeia quando existe concorrência? O que os fabricantes de hardware farão?

É de conhecimento púbico que o Linux é um sistema operacional bem mais robusto e com desempenho muito superior ao Windows, especialmente no item redes; basta verificar qual o sistema operacional roda nos grandes supercomputadores. Mas esta superioridade não é suficiente para garantir o mercado. Um dos motivos disto é o fato de os computadores já saírem de fábrica com Windows, mesmo que com um custo um pouco mais alto, mas com margem de lucro melhor. Mas existem vários motivos que impedem a proliferação dos softwares livres.

A Microsoft estimula a pirataria quando permite, para não dizer que incentiva, os usuários instalarem o Windows em computadores domésticos, mas com aquele gostinho do pecado. Com isto ela cria a zona de conforto dos usuários, que levam estes produtos para dentro das empresas. E o caminho inverso também ocorre, quando o usuário instala em casa o que usa no trabalho, numa realimentação da cadeia. Esse ciclo cria uma nuvem de completo domínio da Microsoft.

Além disto, existe a parceria submissa e prostituída dos fabricantes de computadores pessoais. Essa parceria é prostituída porque os próprios fabricantes aceitam promover a pirataria que a própria Microsoft quer, vendendo desktops e notebooks com Linux. Pode parecer contraditório, mas estes fabricantes vendem com Linux para permitir que os usuários domésticos instalem Windows pirata, diminuindo o custo de venda do equipamento. Isto fica claro quando você adquire um notebook com Linux e descobre que não existe nenhuma recompilação adequada para o hardware específico; eles usam a versão padrão de uma distribuição qualquer sem ao menos adequar à configuração vendida, como aconteceu comigo. Ou seja, simplesmente empacotaram com Linux para um mercado que vai trocar por Windows, mesmo que não queira. Para completar, os fabricantes fornecem um dvd com os drivers para Windows, mas quando vendem com Windows não tem dvd com drivers para Linux. Na prática são agentes virais de distribuição do Windows e da manutenção do monopólio da Microsoft.

Mas isto pode mudar, pois, com o anúncio da Google do lançamento do Chrome OS, haverá um apelo comercial, diretamente relacionado à dinheiro. A Google é uma empresa de bilhões de dólares, e não um “bando de nerds”. Como a maioria dos empresários é submissa ao poderoso capital, poderá haver um trabalho sério em colocar o Chrome OS no mercado, pois existe apelo de marketing para os fabricantes de computadores; marketing parasitário, aquele que aproveita a onda com as campanhas da Google para empurrarem seus produtos. Mas, para isto, será necessário que estes fabricantes resolvam fazer a coisa direito, terão que deixar o Chrome OS perfeitamente adequado ao hardware, o que beneficiará o Linux, como consequência.

Com exceção dos usuários da Apple, que estão satisfeitos com seu Mac e não se importam com questões como software livre, todos presenciarão uma estranha guerra entre duas empresas imensas, capitalistas, mas que usarão armas muito diferentes: uma usará o capital que compra até conhecimento e a outra usará o conhecimento que capital não comprou, mas que fará crescer seu próprio capital. Se a Google estará fazendo caridade com chapéu alheio eu não sei, mas o mundo do software livre ganhou um aliado forte, que um dia poderá ser seu próprio carrasco.

Leave a Reply

(required)

(required)

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>

© 2015 Alexandre Guimarães Suffusion theme by Sayontan Sinha