Fiquei estarrecido, para usar uma palavra civilizada, quando soube do procedimento adotado pela Prefeitura de Caxambu para liberação de exames médicos pelo SUS, solicitados pelos médicos do SUS em postos de saúde da cidade. Vamos ao caso.

Um mulher, que mesmo quatro anos após ter se submetido à cirurgia para retirada da vesícula biliar, sofre constantemente com dores e diarreia. Mudou-se recentemente para Caxambu e marcou uma consulta com o clínico geral no “postinho”. Apesar do já conhecido padrão de atendimento público, o médico solicitou uma endoscopia. A mulher foi para o setor de marcação que a informou que o SUS não paga o exame, só com autorização da Assistência Social. Lá foi, então, mais um cidadão otário passar pela estúpida burocracia. Já na Assistência Social, foi informada que a Prefeitura não pagaria tal exame e ela deveria pagar R$ 180,00 (isso mesmo, cento e oitenta reais) pelo exame, pois como ela não usava remédio poderia dispor de dinheiro para pagar o exame.

Não tem jeito, preciso soltar: Puta que Pariu!! Desde quando um critério para identificar hipossuficiência de recursos financeiros é o uso contínuo de algum remédio? Pior, o SUS é universal, se o Sílvio Santos aparecer ali naquela repartição, ele deve ser atendido como outro simples usuário. Neste caso, ele seria atendido pela notória subserviência ao dinheiro, a bajulação que os funcionários fariam, mas eu quero simplesmente dizer que qualquer pessoa deve e tem o direito de ser atendida pelo SUS. Se a Prefeitura não tem dinheiro, se vira, não faça festinha de fim de ano, não pinte meio-fio de calçadas, etc. Educação e Saúde são prioridades. Uso de remédio contínuo é um critério de hipossuficiência onde? Talvez no paraíso neo-liberal onde pobre tem mais que se …, hum, pobre que se exploda. Onde está escrito que para ser usuário do SUS tem que ter atestado de pobreza? No caso do mundo neo-liberal, eles vão exigir atestado de miséria e só vão atender quem chegar desnutrido, para poder emitir o atestado de óbito.

Minha orientação à jovem mulher é que procure o Ministério Público e informe a discriminação sofrida pelas secretarias de Saúde e Assistência Social, talvez por ser nova na cidade, o que caracterizaria xenofobia, bem como exija seu direito aos exames através da Justiça. Ainda deposito confiança no Ministério Público, talvez o último bastião de honestidade neste país, que ainda tem uma Constituição Federal que garante direitos básicos a todos sem qualquer tipo de discriminação, já que os neo-liberais ainda não conseguiram acabar com esta constituição e colocarem nossas vidas inteiramente nas mãos do capital. Quem viver, verá, mas só verá quem tiver dinheiro.

PS.: o mesmo ocorreu com um idoso, 75, pensionista do inss que também é recém chegado à cidade, que pagou R$ 50, 00 por um exame.

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