Escutamos de todas as linhas filosóficas, religiosas e até sociológicas que estamos vivendo um período ímpar na história da humanidade, pelo menos da humanidade recente, últimos nove ou dez mil anos. Os esotéricos falam de mudança de era, separação de joio do trigo, período de luz ou trevas; os cristãos falam em apocalipse, judeus em era messiânica; os cientistas sociais e políticos falam em crises de valores e princípios, com os questionamentos dos valores econômicos e a crise do capitalismo. E assim muitos andam dizendo que estamos vivendo tempos sombrios. Mas será mesmo? Ou apenas o acesso à informação é que nos dá essa sensação de que o mundo está de pernas pro ar? Será apenas por sucesso dos telejornais que mostram violência em exagero, sem mostrar as coisas boas?
Alguns dizem que, na verdade, estamos vivendo uma entrada no período de luz, e por isso as mazelas estão aparecendo com mais clareza. Faz sentido, afinal, quando aumentamos a intensidade de luz em um ambiente, podemos perceber facilmente a sujeira, poeira e teias de aranhas. Também os ratos se assustam e saem correndo para todos os lados para garantirem suas porções de comida. De fato, quando estamos num ambiente escuro, ao acendermos uma luz muito forte, nada enxergamos diante de nós e tropeçamos em tudo a nossa volta até que possamos ver onde estamos. Aí nos assustamos com a real situação de nosso mundinho, jamais imaginamos que estávamos num chiqueiro indescritível. O pior é que a grande maioria prefere não enxergar o chiqueiro pelo simples fato de que o trabalho para limpeza é absurdamente árduo, adotando a postura do “deixa como está para ver como fica”, afinal é mais prático esperar para ver se alguém aparece para fazer a faxina. Daí surgem mitos de salvadores, sejam salvadores da pátria ou de almas. Muitos realmente preferem fazer apenas a obrigação do que pegar uma vassoura e começar o trabalho para, finalmente, fazer a diferença – quem faz só a obrigação, não faz a diferença. Com isto, se dão bem os oportunistas de sempre, aqueles que conseguem colocar os outros para trabalharem enquanto lucram com este trabalho. Esses oportunistas, na visão da separação de joio do trigo, são o joio. Mas muito trigo acaba se juntando a este joio e apodrecerá junto.
Isto me faz lembrar da visão oriental deste período, em especial a chinesa, tal como fala o I Ching e o Tao Te Ching. No Tao Te Ching, no capítulo 18, lemos:
“Quando se perde o Grande Caminho
Surgem a bondade e a justiça
Quando aparece a inteligência
Surge a grande hipocrisia
Quando os seis parentes não estão em paz
Surgem o amor filial e o amor paternal
Quando há desordem e confusão no reino
Surge o patriota”
Num resumo nada ortodoxo desta passagem, podemos dizer que: Quando entramos numa roubada sem tamanho, mas pensamos que somos os super-heróis do universo, criamos a sociedade do mimimi. Isto mesmo, o que estamos vivendo hoje é uma palhaçada de regras estúpidas com rótulos para tudo e todos, esquecendo de nossa essência humana.
Já no I Ching, o Livro das Mutações, há várias passagens com referências ao período em que os seres inferiores dominarão a sociedade. Um dos hexagramas que tratam desse assunto é o 12, Estagnação, que é a combinação de Céu e Terra. Nele está escrito:
“ESTAGNAÇÃO. Homens maus não favorecem a perseverança do homem superior. O grande parte, o pequeno se aproxima.
Céu e terra estão dissociados, e todas as coisas tornam-se entorpecidas. O que está acima não se relaciona com o que está abaixo e na terra prevalece a confusão e a desordem. O poder da escuridão está no interior e o poder da luz, no exterior. A fraqueza está no interior, a rigidez, no exterior. Os inferiores estão no interior, os homens superiores estão no exterior. O caminho dos homens inferiores está em ascensão, o caminho dos homens superiores, em declínio. Porém os homens superiores não se deixam afastar de seus princípios. Mesmo quando não podem exercer influência, permanecem leais a seus princípios e retiram-se para a reclusão.”
Outro hexagrama, que descreve uma etapa posterior, é o 20, Desintegração, que é a combinação de Montanha sobre a Terra. Nele está escrito:
“DESINTEGRAÇÃO. Não é favorável ir a parte alguma.
Esta é a época do avanço dos inferiores, que estão prestes a expulsar os últimos homens fortes e nobres. Sob tais circunstâncias, decorrentes do ciclo em andamento, não é favorável ao homem superior empreender coisa alguma. A atitude correta nessas épocas adversas deve ser deduzida das imagens e seus atributos. O trigrama inferior significa a terra, cujo atributo é a docilidade e a devoção. O trigrama superior significa a montanha, cujo atributo é a quietude. Isso sugere a aceitação da época adversa, mantendo-se a quietude. Não se trata aqui de uma iniciativa humana, mas das condições do ciclo em vigor; estes ciclos, seguindo as leis celestiais, alternam o aumento e a diminuição, a plenitude e o vazio. Não é possível se contrariar essas condições do tempo e por isso não é covardia, e sim sabedoria, submeter-se, evitando a ação.”
Este hexagrama descreve com perfeição os tempos que estamos vivendo, os seres inferiores assumiram o controle total da sociedade, e os superiores que ainda não se tocaram de que o momento é uma condição natural do ciclo estão em desespero. Outros, entretanto, estão tentando não contrariar tais condições e estão evitando ações. É muito fácil perceber o controle pelos seres desprezíveis, basta dar uma ligada na TV ou passear pela Internet. De Trump ao Macri na Argentina, de Netanyahu a Erdogan, dos controladores dos bancos centrais ao redor do mundo (inclusive Brasil) aos controladores dos meios de comunicação, de Temer ao prefeitinho do interior que está juntando dinheiro para se mudar para o império americano quando seu mandato terminar. Estamos cercados pelos parasitas que estão a sugar tudo, de nascentes e fontes de água aos poços de petróleo e mineração. Mas é fácil perceber quem é superior no mundo, são aqueles que estão recebendo provocações para a guerra e mesmo assim não respondem com a guerra, mas até quando? Sabemos que o poder dos inferiores está no auge, resta saber por quanto tempo ainda e se vamos aguentar não agindo.
Mas estes seres inferiores estão atuando também no âmbito de nossas vidinhas pessoais na periferia do planeta. São pessoas capazes de tudo, de bom e de ruim, para conseguirem o que querem, destruir vidas através de provocações, traições e até estímulos ao uso de drogas ou substâncias para a perfeição do corpo. Os inferiores estão tirando os superiores de circulação, atraindo pessoas com alto potencial de transformação para se tornarem escravos do dinheiro ou escravos espirituais, bem como estimulando o culto ao ego e enaltecendo vidas vazias. E aqueles que não se tornam escravos, estão dando cabo de suas próprias vidas direta ou indiretamente, basta ver o aumento de suicídios ou mortes por uso de produtos para o culto do corpo perfeito ou cirurgias plásticas, especialmente entre os jovens, que deveriam ser nossa última esperança. A quantidade de pessoas ruins e a serviço de coisas piores, demônios e capetas no linguajar popular, é assustadora. E não devemos mais acreditar nem em crianças como símbolo de pureza, até crianças já estão a serviço dos inferiores, tal como acontece em filmes de terror.
Resta àqueles que querem um mundo livre lutar contra essa tirania, mas não a luta armada ou reativa, este momento já passou, agora é a hora da não-luta, a hora de não alimentarmos os parasitas, deles morrerem de inanição por falta de nossa contribuição energética. É a hora de esperarmos que eles tenham apenas o dinheiro que tanto usurparam para comerem. É hora de esperarmos com calma o início de um novo ciclo, o amanhecer, enquanto isto devemos não aceitar provocações nem no âmbito privado nem no âmbito coletivo, devemos garantir nossa subsistência e daqueles que temos certeza de que são pessoas superiores e nobres.
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