Numa bela manhã de primavera, a agricultora foi em sua pequena horta para colher legumes e verduras para o almoço de sua família. Ao chegar perto do canteiro das cebolas, houve uma agitação das plantas, mas a mulher, insensível ao burburinho, agachou-se para colher. A cebola tentou correr, mas suas raízes estavam fixas ao solo e a cebola não se moveu. Quando a cebola foi agarrada pelas folhas para se arrancada do solo, ela gritou, mas a mulher era surda para os sons dos vegetais. E assim, a cebola fez companhia à alface decapitada que estava no cesto.

A cebola ficou revoltada, pois tinha apenas seis meses, ainda uma menina, que só dá flores e sementes aos dois anos de idade. Ao ser lavada e ter suas folhas e raízes cortadas na pia, a cebola jurou vingança e, ao ser cruelmente descascada, fez seu algoz, insensível às dores vegetais, chorar. E assim, as cebolas se vingam daqueles malvados assassinos de crianças do mundo vegetal, que acham que apenas seus semelhantes que correm e gritam possuem vida e merecem viver.

Sorry, the comment form is closed at this time.

© 2015 Alexandre Guimarães Suffusion theme by Sayontan Sinha